O número diário de óbitos pela Covid-19 no Brasil chegou a 866 nesta quinta-feira (12), de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Desde a primeira semana de outubro, o País não ultrapassava a marca de 800 casos fatais confirmados em 24 horas. O total de mortes causadas pelo coronavírus desde domingo (8) já representa mais de 90% do que foi identificado na semana passada.
Ao todo, 164.234 pessoas faleceram por causa da Covid-19 em território nacional desde fevereiro. A soma de contaminados no período chegou a 5.779.383. Somente entre quarta (11) e quinta-feira (12), houve registro de 31.723 novos pacientes. Os números não incluem o Paraná. Segundo o Conass, houve problemas técnicos no acesso aos dados do estado.
“Os dados mostram que a pandemia não acaba da noite para o dia, nem acaba por decreto como quer Bolsonaro, que decretou o fim da pandemia no final deste ano. A pandemia da Covid-19 deve durar no Brasil e no mundo por mais tempo do que foi a pandemia do H1N1 que durou 14 meses”, afirmou o deputado Alexandre Padilha (PT-SP).
Ele ainda criticou a retirada de recursos financeiros do Ministério da Saúde no projeto de orçamento para 2021 enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional. “Infelizmente a postura de Bolsonaro ao querer retirar R$ 35 bilhões da saúde, enfraquece o SUS no momento decisivo de volta de crescimento de casos e de necessidade de desenvolvimento da vacina”, lamentou o ex-ministro da saúde.
Segunda onda
Para o deputado Jorge Solla (PT-BA) caso o Brasil tenha uma segunda onda do novo coronavírus, será necessário intensificar o isolamento social e a capacidade de testagem no País. “Pelo o que a gente tem acompanhado das experiências, especialmente nos países da Europa, nós vamos ter que retomar a intensificação das ações de combate à disseminação do vírus. E a estratégia com certeza é o isolamento social. Isolamento social e de outro lado ampliar a capacidade de testes diagnósticos para colocar as pessoas que testarem positivo devidamente em quarentena. Isso faltou bastante no nosso País”.
O parlamentar, que também é médico, deixou claro que a expectativa do mundo inteiro é para vacina, mas enquanto ela não sai, o isolamento, a testagem e o controle do vírus são as únicas estratégias possíveis. “Felizmente nós estamos com várias vacinas promissoras, já apontando resultados preliminares positivos e quanto mais cedo esses estudos forem concluídos e quanto mais cedo tivermos capacidade de produção em larga escala, mais cedo poderemos estar protegendo a população e evitando a ocorrência de casos e de óbitos”.
Medidas de enfrentamento
“Só duas ações podem evitar o crescimento de mortes no Brasil, de um lado o respeito absoluto ao distanciamento social; e manutenção e fortalecimento das estruturas criadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS); e do outro responsabilidade em garantir aquilo que é uma obrigação do governo federal, o desenvolvimento de vacinas para todas e todos aqueles indicados”, assegurou Alexandre Padilha.
Jorge Solla mencionou a ampliação da utilização dos agentes comunitários de saúde – que têm sido subutilizados no enfrentamento à pandemia – com EPIs, com a capacidade para aplicação de testes diagnósticos e com orientação estratégica para isolamento das pessoas que testaram positivo, como importantes aliados no enfrentamento da pandemia. Ele explicou que também é preciso aumentar os repasses financeiros para os estados e municípios, que vêm enfrentando muita dificuldade no financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). “Desde que derrubaram a presidenta Dilma, com o golpe de Estado de 2016, os recursos vêm definhando nos repasses para os estados e municípios”, apontou.
Solla falou da importância de se intensificar as orientações à população pelos meios de comunicação. “Precisamos intensificar a ação nos meios de comunicação com orientação para a população. Com orientação adequada, não é a orientação do aliado do vírus que está na cadeira de presidente da República, orientação técnica adequada de como a população deve se proteger e como a população deve contribuir para as ações de prevenção e controle da pandemia”.
Auxílio emergencial
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que, se o Brasil passar por uma segunda onda da covid-19, haverá prorrogação dos pagamentos do auxílio emergencial. O benefício vigora desde maio, com valor de RS 600 nos primeiros três meses, aprovado pelo Congresso Nacional e redução para R$ 300 nas parcelas mais recentes, determinado pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo Guedes, a prorrogação do auxílio em caso de uma segunda onda de pandemia “não é uma possibilidade, é uma certeza”. Nós vamos ter de reagir, mas não é o plano A. Não é o que estamos pensando agora”. As afirmações foram feitas em um evento promovido pelo setor de supermercados.
Para o deputado Jorge Solla a extensão do auxílio emergencial é inevitável. “Se nós já estávamos trabalhando para que o auxílio estivesse sido estendido até dezembro com os R$ 600 e já estamos trabalhando para que essa capacidade de suporte às condições materiais de existência da população fosse assegurada no próximo ano, com essa situação da pandemia tornou-se ainda mais imperativo retomar esse debate e garantir esse aporte econômico fundamental para assegurar alimentação e as condições mínimas de existência para milhões de brasileiros”, afirmou.
Coronavírus no mundo
Globalmente, a pandemia alcançou recordes de óbitos e infectados nas últimas 24 horas. Foram confirmados 666.053 novos casos e 12.241 mortes, segundo a Universidade Johns Hopkins, que acompanha o avanço do coronavírus no mundo todo. Até então, os números mais expressivos eram da semana passada. Na sexta-feira (6) houve registro de mais de 641 mil novos pacientes e na quarta-feira (4), de 11.031 casos fatais.
A velocidade na propagação do coronavírus vem aumentando consideravelmente em nações da Europa e nos Estados Unidos. Na França, por exemplo, o número de internados na chamada segunda onda já é superior ao registrado no primeiro surto. Uma em cada quatro mortes no país tem como causa o coronavírus.
Na Itália, houve recorde de infectados, com quase 38 mil confirmações da doença em 24 horas. O país ultrapassou a marca de um milhão de contaminados nessa quarta-feira (11). O Reino Unido também alcançou patamares nunca antes observados. Mais de 33,4 mil moradores da região receberam o diagnóstico em um dia.
Os Estados Unidos vêm registrando mais de 100 mil infectados a cada 24 horas já há alguns dias. Na terça (10) e na quarta (11), o País teve mais de 140 mil confirmações da doença por dia. Os dados representam recorde absoluto em relação a todas as outras nações. Hoje, os estadunidenses representam cerca de 20% das ocorrências de Covid do planeta. Junto com Índia e Brasil, o país tem quase metade dos contaminados do mundo.
Lorena Vale com Brasil de Fato