Em cerimônia comovente, no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff revelou sua alegria e emoção com o apoio de mulheres ativistas de diferentes matizes étnicas e sociais, nesta quinta-feira (7). Elas se posicionaram contra o processo de impeachment sofrido pela presidenta. “Esse ato, cheio de emoção, enche meu coração de alegria”, disse a presidenta que, ao mesmo tempo, mandou um duro recado aqueles que querem encurtar o seu mandato por meio de um golpe. “Aquele que tenta derrubar um presidente eleito é usurpador dos eleitores”, afirmou, lembrando que foi eleita por 54 milhões de brasileiros.
“Eles sabem da fragilidade desse processo. Por isso defendem que eu renuncie ou apresente uma solução como um pacto de governabilidade. Acredito que o Brasil precise de um grande pacto, mas nenhum pacto prosperará se não tiver como premissa o respeito, a legalidade e a democracia”, observou.
Dilma Roussseff disse ainda que sempre buscou e que buscará o entendimento para superar as adversidades do país. Para ela, o grande pacto é aquele que visa a superação da crise, que promova o desenvolvimento econômico, que gere emprego e renda e faça o País voltar a crescer. Dessa forma, acrescentou, “vou entregar o Brasil muito melhor para o meu sucessor em 2019”, disse.
IstoÉ – No seu discurso, a presidenta Dilma classificou de machista e misógina a capa da revista IstoÉ, que retratou seu perfil como o de mulher “descontrolada”. “Querem dizer que mulheres sob pressão ficam descontroladas. Isso é um tipo de tratamento que constitui machismo extremamente banal e um tipo perverso de misoginia. Não aceito isso. Nenhuma mulher aceita”, afirmou.
“Essa revista vem sistematicamente mentindo, inventando, incitando ódio e intolerância, produzindo uma peça de ficção para ofender a mulher e a presidenta. Na verdade, com o propósito de me ofender como presidenta justamente por ser mulher”, denunciou.
Dilma lembrou que esteve presa por três anos ilegalmente e nunca perdeu o controle. Ela recordou também que seu governo vem sendo sabotado desde o primeiro dia e nem por isso perdeu o controle.
“Eu não perco o controle, o eixo e nem a esperança, porque sou mulher. Só por isso”, enfatizou a presidenta. “Me acostumei a lutar por mim e pelos que amo: minha família, meu País e meu povo”.
Na mesma linha, a representante da Marcha das Margaridas, Alessandra Lunas disse que os “ataques como a capa da revista ‘Isto É’ é um ataque contra todos nós, é misoginia que atenta contra a nossa dignidade”.
Reconhecimento -A representante da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Creusa Maria Oliveira disse que os 8 milhões que compõem a categoria entendem que só tiveram os direitos reconhecidos no governo da presidenta Dilma. “Hoje temos filhos na faculdade. Nós que elegemos esse mandato exigimos respeito e não aceitaremos que a Constituição seja rasgada. Não vamos aceitar o retrocesso”.
Democracia feminina – A deputada Moema Gramacho (PT-BA) disse que as mulheres brasileiras lavaram a alma e saíram muito mais fortalecidas do encontro. “A república feminina, a democracia feminina continuarão lutando para garantir o empoderamento das mulheres através da nossa primeira mulher eleita e reeleita presidenta deste país. Não deixaremos que ela seja retirada a fórceps do Palácio do Planalto. O que estão tentando fazer contra ela é um abuso. Não vamos deixar rasgar a Constituição. Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe”, denunciou Moema.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) disse que saiu do evento com o sentimento de que a presidenta não está sozinha. “A democracia feminina vai lutar para que a nossa presidenta Dilma possa ter paz e possa dar seguimento às conquistas que já tivemos”, disse Benedita acrescentando que o encontro renovou a esperança e deu mais energia para que homens e mulheres sigam juntos na luta em defesa da democracia.
Benildes Rodrigues
Foto: Roberto Stuckert Filho