Eleição sem Lula não é democrática, é uma fraude, diz Gleisi

A presidenta nacional do PT, senadora  Gleisi Hoffmann, voltou a condenar, nesta sexta-feira (9), os ataques da mídia e do Judiciário contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e reafirmou: “ Lula é o nosso plano A, B e C”.

“Uma eleição sem Lula não é democrática, é uma fraude. O que nós estamos vendo é que há uma intenção muito forte para que Lula não seja candidato. Não tem prova nenhuma. A elite quer, lança um candidato e dispute. O que não pode é impedir esse candidato com esse apoio da população de disputar”, disse, durante evento na Universidade Federal do ABC, construída em 2005 na gestão do ex-presidente Lula.

Ao participar do encerramento da II Semana de Políticas Públicas da UFABC, Gleisi também afirmou que o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff aconteceu para instalar um governo que retome a ideia de que o Estado, no Brasil, é para poucos. Ela ainda falou sobre como as reformas do governo golpista vão afetar justamente os mais pobres, enquanto o “andar de cima” permanece com seus direitos intocados.

“Há uma disputa dos recursos públicos entre os mais ricos e os mais pobres da população. Com esse governo, nós vamos ter um país para parte da população. A outra fica à deriva”, afirmou. “A elite brasileira sempre foi extrativista, não tem um projeto de nação”.

Segundo Gleisi, o suposto desequilíbrio orçamentário das contas públicas é uma falácia que foi utilizada para retirar direitos dos mais pobres. Para ela, deveria ser implementada uma política anti-cíclica, isto é: em um momento de crise, o Estado deveria colocar mais dinheiro na economia, aumentar a renda da população e os investimentos para estimular o crescimento.

A senadora destacou, ponto a ponto, como os trabalhadores vão perder direitos com a reforma da Previdência e a trabalhista. No caso da Previdência, ela destacou a questão do trabalhador rural, que sofrerá com o fim do regime especial da Previdência. Hoje, o pequeno agricultor pode contribuir com uma porcentagem da sua produção. Após a reforma, a contribuição terá de ser feita mensalmente, inviabilizando milhares de trabalhadores de contribuir com a aposentadoria.

A senadora destacou que a Previdência Rural foi essencial para combater a pobreza no campo e evitar o êxodo rural. Ela também lembrou das desigualdades entre homens e mulheres e que agora a reforma quer igualar a idade de aposentadoria de ambos. “Uma coisa é um homem, outra é uma mulher. A mulher tem dupla jornada de trabalho, tem filhos, tem desgaste físico. Isso tem que ser levado em consideração”, disse. “Essa reforma é tão nefasta que está tendo até dificuldade de passar na base do governo”, disse ela.

Já a reforma trabalhista, aprovada na Câmara, avança no Senado. A senadora afirmou que a resistência tem sido feita, pela oposição, no braço e no grito. Mas, mesmo assim, a proposta avançou na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta semana.

Durante o debate, Gleisi ainda destacou retrocessos que podem ocorrer caso a reforma trabalhista seja aprovada, como a criação do trabalho intermitente, em que o trabalhador fica à disposição do patrão para trabalhar apenas nos horários mais requisitados; e o autônomo exclusivo, em que o trabalhador é “autônomo”, ou seja, sem nenhum direito, mas também fica à disposição do empregador como um trabalhador contratado pela CLT.

A presidenta do PT também ressaltou que a reforma trabalhista vai asfixiar a Previdência, já que estimula a informalidade, e portanto, inibe as contribuições. Isso pode beneficiar, segundo ela, os bancos privados, interessados em vender planos de previdência privados. “Vamos passar a ter Previdência só para quem paga a previdência privada”, disse ela.

Na avaliação da nova presidenta do PT, o partido saiu unificado do 6º Congresso, com clareza em torno da luta contra as reformas, pelo Fora Temer e por Diretas Já. Ela destacou novamente a importância da resolução que aprovou o não apoio do PT ao Colégio Eleitoral e às eleições indiretas.

Para ela, o PT tem intensificado sua reaproximação com os movimentos sociais, e o Congresso foi um marco para isso. “Com o golpe, o PT retoma essa relação com os movimentos sociais, mais aguerrida, e entendendo o que está acontecendo no pais: que o golpe é pela disputa do papel do Estado no brasil. A elite e parte da classe média se rebelaram contra o Estado mais igualitário que surgiu nos governos do PT”, disse.

Segundo a senadora, o PT deve discutir um programa de governo com mais ousadia, com reformas profundas. Entre elas, a democratização dos meios de comunicação, a reforma do setor financeiro e do próprio Estado – que mostrou, com o golpe, que está a favor de uma classe.

Da Redação da Agência PT de Notícia
Foto: PTnoSenado

 

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