Eleição de Graziano para a FAO consolida Brasil como referência internacional

graziano_FAORepercutiu positivamente a eleição do brasileiro José Graziano para o cargo de diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), ocorrida no domingo (27), em Roma, Itália, onde fica a sede do órgão.

José Graziano assumirá o cargo em janeiro e exercerá um mandato de quatro anos. O diretor atual do órgão, o senegalês Jacques Diouf, está há 17 anos no posto. Nos últimos anos, com o debate em torno das Metas do Milênio da ONU, as crises regionais de alimentos em vários continentes e a discussão sobre o impacto das mudanças climáticas sobre a agricultura, a FAO tem ganhado visibilidade e deve desempenhar um papel cada vez mais importante no contexto internacional. A eleição de domingo foi apertada e o resultado final revelou 92 votos para o brasileiro e 88 para o espanhol Miguel Angel Moratinos.

A presidenta Dilma celebrou a eleição em nota oficial. “Sua reconhecida contribuição na formulação da bem-sucedida estratégia governamental de assegurar o direito dos povos à alimentação, aliada às sólidas credenciais acadêmicas e o profundo conhecimento da FAO, acumulado à frente do escritório regional da entidade em Santiago, conferem a José Graziano qualificações essenciais para o cargo. A vitória do candidato brasileiro reflete, igualmente, o reconhecimento pela comunidade internacional das transformações socioeconômicas em curso em nosso País”, diz o texto.

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, também comemorou a vitória do candidato brasileiro: “A eleição consolida o Brasil como referência internacional em promoção de políticas de segurança alimentar e nutricional e inclusão social. Sua eleição contribuirá para caminharmos na direção de um mundo sem fome e com mais e melhores oportunidades de vida para todos”, disse, também em nota oficial.

Para o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), o fato representa um grande desafio e uma oportunidade para o Brasil. “Com a eleição de Graziano, o Brasil poderá levar ao mundo a experiência bem sucedida que tivemos no combate à fome, com políticas que permitem o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, promovem a redução da pobreza e das desigualdades sociais. Com o perfil de José Graziano, que acumula experiências tanto na formulação quanto na gestão e implementação de políticas públicas, certamente o Brasil poderá dar essa contribuição ao mundo”, avaliou Teixeira, que participou diretamente da campanha de Graziano, promovendo atividades em São Paulo (SP).

Paulo Teixeira disse ainda que a escolha de Graziano também se deve aos acertos da política externa do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff. “Mais uma vez colhemos os frutos da política externa acertada do Itamaraty, que tem privilegiado as alianças com os países em desenvolvimento e com os países pobres da África, Ásia e América Latina, decisivos para a eleição de José Graziano”, apontou o líder do PT.

Perfil intelectual e político – José Graziano da Silva é um agrônomo, professor e autor de diversas obras versando sobre o desenvolvimento rural, com destaque para temas relacionados à soberania e segurança alimentar. Concluiu o doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e possui pós-doutorado na Universidade da Califórnia e no Instituto de Estudos Latino-americanos do University College London. Coordenou a elaboração do programa Fome Zero e, no primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva, foi ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, entre 2003 e 2004. Desde 2006 ocupava o posto de representante regional da FAO para a América Latina e Caribe. É considerado um intelectual com grande capacidade de articulação política.

Pioneirismo de Josué de Castro – O médico e geógrafo pernambucano Josué de Castro foi presidente do Conselho Executivo da FAO entre 1952 e 1956. Autor de livros clássicos como “Geografia da fome” e “Geopolítica da Fome”, é considerado um dos pensadores pioneiros da concepção que aborda a fome como um fenômeno social e político, diferenciando-se das abordagens anteriores, que privilegiavam aspectos meramente econômicos ou dados populacionais e agropecuários para analisar o problema.

Rogério Tomaz Jr.

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