Impulsionados pela expansão do crédito e pelo aumento da massa salarial, bons números representam a retomada do setor a um nível recorde de vendas, semelhante ao pico de maio de 2024
Em setembro, as vendas no comércio varejista cresceram 0,5% em relação a agosto, confirmando sua trajetória ascendente. O dado foi revelado pela Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada pelo IBGE nesta terça-feira (12). No acumulado de 2024, o setor registrou uma alta de 4,8%, e, nos últimos 12 meses, de 3,9%. Já em relação a setembro de 2023, a variação positiva foi de 2,1%.
Os bons números representam o retorno do varejo a um nível recorde de vendas, semelhante ao pico de maio de 2024. E foram possíveis graças ao ótimo momento da economia do país, com aumento de crédito para pessoas físicas, expansão do mercado de trabalho e crescimento da massa salarial.
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Segmentos de destaque
Dois segmentos se sobressaem no avanço das vendas. Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria tiveram aumento de 16,3%, em relação a setembro de 2023. A atividade acumula 19 meses contínuos de alta e é um dos motores desse crescimento, com 11% de peso na pesquisa. Já hipermercados e supermercados, apesar de uma subida mais modesta, de 0,3%, seguem sendo o principal sustentáculo do varejo, representando 55,6% do índice total.
Artigos de uso pessoal e doméstico também tiveram bom desempenho, com variação positiva de 5,7%, mostrando uma significativa recuperação após um ano de dificuldades e fechamento de lojas físicas em 2023, quando ainda se sentia de forma intensa a herança dos tenebrosos anos Bolsonaro/Guedes.
Quanto ao segmento ampliado, que inclui veículos, motos, peças, material de construção e atacado, o volume de vendas subiu 1,8%, superando o recorde da série histórica, que havia sido atingido em agosto de 2013. O crescimento foi impulsionado pelo aumento de 6,6% na comercialização de veículos e motos, apoiado pela retomada do crédito consignado e pelos estímulos para a compra desses bens. No acumulado de 12 meses, o varejo ampliado mostra uma elevação de 3,8%.
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A alta de 0,5%, divulgada nesta terça-feira, é ainda mais relevante quando se considera o cenário macroeconômico, pois reflete a recuperação do poder de compra da população, especialmente em setores essenciais, como supermercados, combustíveis e artigos farmacêuticos. Esses segmentos foram fundamentais para os índices registrados.
Desafios e expectativas
Apesar dos bons números, ainda há desafios. As vendas de móveis e eletrodomésticos tiveram uma queda de 2,9%, seguidas de equipamentos e material para escritório (1,8%) e tecidos, vestuário e calçados (-1,7%). Os resultados sugerem que o consumo de bens não essenciais segue em patamar mais moderado, com o bolso do consumidor atento às prioridades.
A expectativa, no entanto, é de que o varejo não apenas continue, mas amplie sua trajetória de alta, impulsionado por políticas de incentivo do governo federal e pela recuperação do mercado de trabalho e dos salários. Como o setor depende em grande parte do crédito, é igualmente fundamental que o próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, conduza uma política monetária de juros mais baixos, que beneficie lojistas e consumidores e garanta a sustentabilidade desse crescimento.
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PT Nacional