Analistas do mercado financeiro preveem que o déficit na balança de pagamentos do Brasil pode chegar próximo a zero ainda neste ano ou em 2017. A expectativa é baseada na mudança das contas externas do País no ano passado, quando ocorreu um dos maiores ajustes já registrados pelo Banco Central desde 1947, quando tiveram início as estatísticas detalhadas sobre a economia.
O déficit nas transações correntes – compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do País – caiu de US$ 104,181 bilhões em 2014 para US$ 58,942 bilhões em 2015, redução de 43%. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o déficit passou de 4,31% para 3,32%. Em janeiro de 2015, o boletim Focus, do Banco Central, previa que no o déficit externo em 2015 seria de US$ 77 bilhões.
Apesar da crise econômica, o déficit foi totalmente coberto pelo Investimento Direto no País (IDP), algo que não se verificava desde 2012. O IDP de 2015 somou US$ 75,075 bilhões (3,94% do PIB), ante a expectativa do Banco Central de entradas no valor de US$ 66 bilhões. Também contribuíram significativamente para a redução do déficit a valorização do dólar – que beneficia as empresas exportadoras – e a queda das importações.
Para os economistas e deputados Enio Verri (PT-PR) e Raimundo Angelim (PT-AC), o investimento estrangeiro no País é o sinal mais positivo de que apesar das atuais dificuldades, a economia brasileira continua forte e com grande capacidade de recuperação.
“De todo o investimento produtivo no Brasil em 2015, 51% foi externo e 49% nacional. Isso mostra que os investidores externos reconhecem a força da economia brasileira e entendem que as atuais dificuldades são conjunturais. Por isso continuam a investir no País”, diz Verri.
Entre 2014 e 2015, os investimentos diretos feitos via participação de capital – principal modalidade que indica o interesse externo em projetos de longo prazo – aumentaram de 59,7% para 75%. Em contrapartida, o capital transferido das matrizes de empresas para suas filiais no Brasil (empréstimo intercompanhia) – sem garantia de investimento na produção – caiu de 40,3% em 2014 para 25% em 2015.
Competitividade e emprego – O deputado paranaense disse ainda que até a valorização do dólar e a consequente queda nas importações tem um lado muito bom para o País. Segundo ele, essa variação cambial deve estimular a industrialização por meio da substituição da matéria prima e de produtos estrangeiros pelos nacionais.
“Com isso os produtos fabricados aqui ganham competitividade no mercado interno e externo e assim poderemos até gerar novos postos de trabalho”, destacou Enio Verri.
Cenário externo – Apesar da expectativa positiva em relação a economia brasileira, o deputado Raimundo Angelim alerta que apenas os esforços do Brasil podem não ser suficientes para recuperar o crescimento em um curto prazo.
“O cenário internacional ainda é muito nebuloso por conta de inúmeros fatores, inclusive em relação a queda do valor do petróleo. Mas temos que fazer a nossa parte, e acredito que com a nova equipe econômica – a frente o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa – vamos fazer os ajustes necessários e também estimular o investimento no setor produtivo do País”, avalia Angelim.
Héber Carvalho com informações do Valor Econômico e agências