Roberto Campos Neto bem que tentou, com seu surrado economês, convencer o Senado Federal, na terça-feira (25), de que a inflação está na raiz da estratégia do Banco Central (BC) de amordaçar a economia brasileira com juros a 13,75%. Convidado a explicar a Selic estratosférica do BC à Comissão de Assuntos Econômicos, o dândi do capital financeiro afirmou: “Se fizermos o trabalho de conter a inflação, poderemos voltar a cair a taxa de juros”. Pois bem. O IPCA-15 de abril, a prévia da inflação do mês, desacelerou novamente, estacionando em 0,57%.
As projeções do mercado apontavam um índice de 0,61%. Em março, o percentual foi de 0,69% e, em fevereiro, de 0,76%. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 ficou em 4,16%, índice menor que os 5,36% dos 12 meses anteriores. Trata-se, portanto, da mais baixa inflação em mais de dois anos, quando, em outubro de 2020, o percentual chegou a 3,52%.
O que falta então para Campos Neto reduzir os juros?
Inflação do Brasil nunca ficou tão baixa no ranking internacional, estamos em 144o lugar em 190 países pesquisados. E a taxa de juro real continua sendo a mais alta do mundo. Presidente do BC devia estar cumprindo determinação legal de atuar no crescimento da economia e geração… pic.twitter.com/mejS425iI6
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) April 25, 2023
“A inflação do Brasil nunca ficou tão baixa no ranking internacional, estamos em 144º lugar em 190 países pesquisados”, afirmou a presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), antes mesmo da divulgação dos números do IPCA-15 de abril. “E a taxa de juro real continua sendo a mais alta do mundo. Presidente do BC devia estar cumprindo determinação legal de atuar no crescimento da economia e geração de emprego”, denunciou.
25/04
Presidente do Banco Central no Senado:
“Se conter a inflação, a gente pode voltar a cair a taxa de juros”26/04
Dados oficiais:
IPCA-15 desacelera novamente, para 0,57% em abril, diz IBGE; projeção era de 0,61%E aí, Campos Neto? Vamos baixar os juros?
— PT no Senado (@PTnoSenado) April 26, 2023
De acordo com o IBGE, todos os nove grupos de produtos e serviços tiveram alta, mas alguns com desaceleração. Itens de higiene pessoal tiveram desaceleração expressiva de 2,36% em março para 0,35% em abril, especialmente pela queda nos preços dos perfumes (1,99%).
O setor de alimentos também apresentou queda, como batata-inglesa (7,31%), cebola (5,64%), óleo de soja (4,75%) e carnes (1,34%). Por outro lado, os ovos subiram 4,36%. A gasolina também registrou alta de 3,47%.
PTNacional, com UOL