Preso desde sexta-feira (1) durante a Operação Sépsis da Polícia Federal, que apura esquema para a liberação de recursos do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) administrado pela Caixa Econômica Federal, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro- apontado como operador de Eduardo Cunha- admite que pode fechar acordo de delação premiada. Funaro é apontado pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, como responsável por viabilizar o escoamento de propinas para as contas de Eduardo Cunha fora do País.
Segundo reportagem do jornal O Globo, quando estava no carro da Polícia Federal, sendo levado para uma cela na Superintendência da PF na capital paulista, Funaro teria dito que quer “colaborar com as investigações”, segundo uma autoridade ligada ao caso.
Um dia antes de ser preso, Funaro dispensou o advogado Antônio Mariz, contrário à delação, e procurou o advogado Antônio Figueiredo Basto, especialista em acordos de colaboração na Lava Jato.
A íntima relação entre Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, pode ser confirmada pela denúncia oferecida por Rodrigo Janot no Supremo Tribunal Federal (STF), onde aponta o doleiro como operador do presidente afastado da Câmara.
“A proximidade entre Eduardo Cunha e Funaro é antiga e muito mais do que afirmam publicamente. Embora digam que apenas se conhecem, verificou-se um estreito e pernicioso relacionamento entre ambos”, afirma no documento.
Rodrigo Janot também afirma no pedido de prisão preventiva do doleiro que “os elementos indicam, ainda, que um dos operadores dos valores recebidos ilicitamente, ao menos, por Eduardo Cunha, é justamente Lúcio Bolonha Funaro”.
Investigadores da PF chegaram a mapear dois carros, um Hyundai Tucson e uma Land Rover Freelander, em nome da empresa C3 Produções, da esposa de Cunha, mas que foram pagos por empresas ligadas à Funaro. Também na Lava Jato, os irmãos Milton e Salim Schain, do grupo Schain, contaram aos investigadores que foram ameaçados por Funaro por causa de problemas em obra de interesse dele e de Cunha.
Após várias citações na Lava Jato, Funaro entrou de vez na mira dos investigadores após as delações do ex-vice-presidente da Caixa, Fabio Cleto, e do ex-executivo da Hypermarcas, Nelson Mello. De acordo com os depoimentos, Funaro era o operador responsável por cobrar, lavar e escoar a propina direcionada à Cunha.
Parceiro– A parceria entre Lúcio Funaro e Eduardo Cunha, só agora divulgada oficialmente, já era conhecida no meio empresarial. Segundo informação publicada pela colunista Mônica Bergamo, nesta segunda-feira (4) na Folha de S. Paulo, Cunha “surpreendeu empresários paulistas quando, recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados, no ano passado, foi homenageado com um almoço na casa do megainvestidor Naji Nahas. Ele levou ao evento Lúcio Funaro, já então conhecido como seu operador”.
Ainda de acordo com a colunista, “no almoço estavam presentes, entre outros, Rubens Ometto, da Cosan, José Neto, da Votorantim, Benjamin Steinbruch, da CSN, e Fábio Barbosa, então na editora Abril”.
PT na Câmara com agências