Documentos apresentados por Zé Ricardo à CPI contradizem Pazuello sobre data de alerta de falta de oxigênio no AM

Deputado Zé Ricardo. Foto: Gustavo Bezerra/Arquivo

De acordo com documentos apresentados, o então ministro tomou ciência dos problemas relacionados a falta de oxigênio no Estado na noite do dia 7 de janeiro, não no dia 10, como informou à CPI.

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou em depoimento ontem (19) à CPI da Covid-19 que só foi informando sobre a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus e demais municípios do estado no dia 10 de janeiro de 2021. Mas em resposta a requerimento do deputado federal Zé Ricardo (PT-AM), entregue a membros da CPI, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco esclareceu que foi “na noite de 7 de janeiro de 2021 que este Ministério tomou ciência de problemas relacionados ao abastecimento de oxigênio da rede de saúde do Amazonas”, desmentindo as afirmações de Pazuello.

“Isso mostra que o então ministro da Saúde mentiu no depoimento à CPI. Deveria ter sido preso. Ele sabia que Manaus estava em colapso por falta de oxigênio e que pessoas estavam morrendo. A resposta ao meu requerimento, que foi enviado a membros da CPI, prova isso. Centenas ou até milhares de pessoas morreram por asfixia. Verdadeiras cenas de horror foram relatadas por profissionais da saúde e por familiares, que presenciaram essas mortes dentro dos hospitais. Os responsáveis têm que ser punidos”, declarou Zé Ricardo, que denunciou esse caso nos Ministérios Públicos do Estado (MPE) e Federal (MPF), Procuradoria-Geral da República e ao ministro Ricardo Lewandowski, do STF, relator de inquérito em andamento sobre o assunto, cobrando providências.

No dia 28 de janeiro de 2021, o deputado encaminhou ao Ministério da Saúde (MS) o Requerimento no 75/21, solicitando informações ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em razão de denúncias referente ao atraso por parte do Ministério em dar resposta às ofertas de aviões com oxigênio para o Amazonas pela Organização das Nações Unidas e pelo Governo dos Estados Unidos. Dentre os questionamentos feitos, estava essa pergunta: “quando esse Ministério soube que faltaria oxigênio na rede de saúde do Estado do Amazonas”?

Como resposta, contida na página 18 do referido documento do MS, o secretário-executivo disse que o Ministério tomou conhecimento da falta de oxigênio no estado na noite do dia 7 de janeiro. Afirmou ainda que se tratou de uma conversa informal entre o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, e o ministro da Saúde, Pazuello, por telefone, e “apenas e tão somente para solicitar apoio no transporte de 350 cilindros de oxigênio de Belém para Manaus”. E completou que na mesma noite o ministro coordenou ação para o transporte de 150 cilindros de oxigênio, de Belém para Manaus, com chegada no dia 8 de janeiro; e de mais de 200 cilindros para o dia 10 de janeiro.

Mas o deputado também destacou que esses cilindros de oxigênio antecipados não chegaram nas datas previstas. Somente na noite do dia 11 de janeiro é que os hospitais locais começaram a receber oxigênio, com o apoio do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB), conforme noticiou a imprensa local e nacional. Na ocasião, o então ministro da Saúde garantiu que não faltaria apoio às demandas de combate à pandemia no Estado. “Mentiu mais uma vez. O Governo Bolsonaro e seus ministros envolvidos na saúde são responsáveis, sim, pelo grande massacre de mortes que aconteceu no Amazonas”.

Documentos na íntegra

Assessoria de Comunicação

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