Discurso de Michel Temer na ONU é peça de ficção

Em artigo, o deputado Pedro Uczai (PT-SC) classifica como “escárnio” o discurso proferido pelo presidente legítimo Michel Temer na abertura da 72ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. Entre várias aberrações e inverdades destaca- se a fala dele sobre a ação dos direitos humanos no Brasil. “Alegando o rechaço ao racismo, à xenofobia e a todas as formas de discriminação, o presidente golpista discursou como se a diversidade que nos caracteriza fosse enaltecida pelas forças políticas que o apoiam. Logo a diversidade, perseguida e vilipendiada em forma de censura à exposições artísticas, intolerância religiosa, supressão do debate crítico nas salas de aula, desrespeito à autonomia da mulher e não reconhecimento dos matizes que colorem a nossa população, dentre outras mazelas”|, diz o texto. Leia a íntegra:

 

Discurso de Michel Temer na ONU é peça de ficção      

Pedro Uczai*

Um escárnio. Assim pode ser classificado o discurso de Michel Temer na abertura da 72ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), na sede do organismo, em Nova Iorque. A começar pela assertiva escolhida para iniciar a sua fala, quando parabeniza o secretário geral da entidade pela sua eleição ao cargo, afirmando que este conta com o apoio da delegação brasileira. Ora, um presidente golpista que aproveitou a sua condição de vice-presidente para conspirar pela deposição de uma presidenta legitimamente eleita não possui moral nenhuma para saudar resultados eleitorais!

Mas o descolamento da realidade presente no discurso de Temer não ficou apenas nisso. Adiante, o assunto passou para “esperança”. Interessante notar que Michel Temer é o autor da emenda constitucional 95, que congela gastos em áreas sociais pelas próximas duas décadas. Entre elas, saúde e educação. Como falar em “esperança” se no plano interno o seu governo trabalha justamente no sentido de extingui-la? Afinal, qual o futuro podemos esperar sem investimentos compatíveis com os desafios em áreas fundamentais como saúde e educação? Não encaixa.

A necessidade de aumento do diálogo foi outro ponto abordado no discurso do presidente golpista. Logo ele, que ao assumir o cargo designou para o Ministério da Justiça Alexandre de Moraes – agora ministro do STF – famoso pela sua truculência no trato com movimentos sociais. Episódios de extrema violência policial contra manifestantes foram verificadas quando de sua passagem pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, bem como as brutais repressões empreendidas contra o governo ilegítimo de Temer, lá no seu início.

Nossas riquezas também foram objetos dos devaneios de Michel Temer. Ignorando o caráter entreguista e antinacional de seu governo ilegítimo, o golpista afirmou que o Brasil busca o desenvolvimento sustentável numa tentativa de inserir o País em uma agenda positiva. Foi quando aproveitou para colocar na prateleira das privatizações empresas fundamentais para o nosso desenvolvimento, a exemplo da Eletrobrás. Dando exemplos de nossa capacidade de geração energética e tecnologia híbrida, cumpriu o papel de mecenas que lhe cabe nessa tentativa de desmonte do estado nacional e de nossa soberania.

Na sequência, foi a hora de falar sobre a Amazônia. Recentemente o governo anunciou a extinção da Reserva Mineral de Cobre e Associados – Renca, localizada dentro dos limites da floresta tropical. A insatisfação com a medida foi geral, e não apenas restrita ao Brasil. Em vários países foram verificadas manifestações de repúdio contra a extinção, chegando ao cúmulo de a Noruega interromper doações de dinheiro para projetos de manejo e preservação da Amazônia. A repercussão negativa foi tão grande que o governo golpista recuou de sua decisão, ainda que momentaneamente.

Mas talvez nada se compare às afirmações feitas sobre a situação dos direitos humanos no Brasil. Alegando o rechaço ao racismo, à xenofobia e a todas as formas de discriminação, o presidente golpista discursou como se a diversidade que nos caracteriza fosse enaltecida pelas forças políticas que o apoiam. Logo a diversidade, perseguida e vilipendiada em forma de censura à exposições artísticas, intolerância religiosa, supressão do debate crítico nas salas de aula, desrespeito à autonomia da mulher e não reconhecimento dos matizes que colorem a nossa população, dentre outras mazelas.

Ao final, reforça-se a impressão de Michel Temer ser um reles despachante de interesses mesquinhos e escusos da elite brasileira e mundial, cujos lucros minguam diante do avanço de classes historicamente marginalizadas no cenário interno e internacional, graças ao trabalho de governos democráticos e populares. Algum destes vítimas de golpes, a exemplo do Brasil´.

*Deputado federal (PT-SC)

(Publicado Orginalmente no Site Brasil 247)

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