Ainda movida pelo clima de revanchismo após a reeleição da presidenta Dilma Rousseff no domingo (26), a oposição tentou desafogar a angústia durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura irregularidades na Petrobras. Em depoimento nesta quarta-feira (29), o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, deixou os parlamentares conservadores ainda mais frustrados. O executivo manteve-se tranquilo diante dos ataques de deputados e senadores, bem como respondeu todas as perguntas com objetividade e concisão.
Para o deputado Afonso Florence (PT-BA), está em curso uma “tentativa de terceiro turno” contra a presidenta reeleita. “Nós temos de desacelerar. Nós estamos esperando, obviamente, a documentação da Lava-Jato, mas, até agora, a única coisa que nós temos é o Sr. Paulo Roberto dizendo que ele operou dentro da diretoria após o processo licitatório e, perguntado sobre a Comissão de Licitação, ele disse que não incidia ali. O objetivo explícito: é chegar na presidenta Graça, é chegar na presidenta Dilma, quando, na verdade, o que o governo está fazendo é a boa gestão da Petrobras”, afirmou Florence.
O parlamentar baiano também avalia que o diretor, “ao se pronunciar nesta CPMI, representa dignamente o corpo de funcionários e corresponde à expectativa da opinião pública brasileira e, com certeza, dos acionistas: mostra que as providências necessárias estão sendo tomadas no âmbito interno da Petrobras e do governo”.
Funcionário de carreira da Petrobras desde 1976, Cosenza negou conhecer o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O executivo assumiu o atual cargo em 2012, substituindo Paulo Roberto Costa, também preso pela Polícia Federal por suspeitas de integrar um esquema de desvio de recursos da companhia. “Desde que assumi a diretoria da Petrobras, tive, no máximo, três telefonemas ao Paulo Roberto Costa”, disse Cosenza, ao ser perguntado se teria falado com o ex-diretor após a saída deste. Cosenza também afirmou que, nesse período, se encontrou pessoalmente apenas duas vezes com Costa.
Cronograma – Os integrantes da CPMI decidiram prorrogar os trabalhos do colegiado até dezembro e aumentar a frequência de oitivas de depoentes. A apresentação do parecer final do relator, deputado Marco Maia (PT-RS), está prevista para ocorrer no dia 10 de dezembro e na semana seguinte – a última do ano legislativo – ocorreria a sua votação.
Na próxima quarta-feira (5) haverá reunião administrativa para apreciação e deliberação de requerimentos.
Rogério Tomaz Jr.