Direitos Humanos: Indigenista relata massacre de índios durante a ditadura

erika kokay D2Resgatar a verdade sobre as barbaridades cometidas contra os índios durante o período da ditadura é importante para evitar que esses fatos ocorram novamente. Essa foi à avaliação dos deputados petistas Francisco Praciano (AM) e Erika Kokay (DF), sobre a revelação do massacre de dois mil índios da etnia Waimiri-Atroari, no Amazonas, na década de 70, por militares brasileiros.

O assunto foi tema de audiência pública nesta quarta-feira (9), na Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Denunciado pelo indigenista e ex-missionário Egydio Schwade, o caso foi matéria em abril no jornal A Crítica, de Manaus. Egydio morou dois anos entre os indígenas Waimiri-Atroari, onde tomou conhecimento do fato.

Muito emocionado, o indigenista contou que documentos do exército brasileiro atestam que os índios foram expulsos da região por um batalhão de soldados armados com metralhadoras e granadas. O motivo, segundo ele, foi à construção da BR-174, que atravessava a reserva indígena.

Segundo Schwade, um sobrevivente à ação chegou a perguntar, em depoimento, “que coisa era aquela jogada do céu pelo homem branco que matava os índios queimados”. O indigenista supõe que armas químicas, como o Napalm, podem ter sido usadas para expulsar os índios.

O Napalm foi usado pelo exercito norte-americano na guerra do Vietnã. Composta de petróleo e reagentes químicos em formato de gel, a arma química gruda na pele e provoca graves queimaduras que podem levar a morte.

“Essa audiência foi importante para resgatar essa triste história e evitar que fatos como esse voltem a acontecer. Mas não basta apenas lembrar o passado, é preciso cuidar dos índios no presente”, alertou o deputado Praciano. Segundo ele, autoridades no Amazonas ainda consideram os índios um “empecilho ao desenvolvimento”.

Para a deputada Erika Kokay, o depoimento mostrou que o Brasil não teve uma ditadura branda, como afirmam alguns saudosistas daquela época. “Tivemos sim, um regime que praticou um genocídio contra os índios, em nome do desenvolvimento”, afirmou.

A audiência contou com a presença dos deputados Padre Ton (PT-RO), presidente da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas, e Luiz Couto (PT-PB). Também esteve presente o representante da Secretaria de Direitos Humanos, Gilney Viana, além do secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Cleber Buzatto.

 

Héber Carvalho

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