A presidenta Dilma Rousseff disse na tarde desta terça-feira (12), durante o Encontro Educação pela Democracia, no Palácio do Planalto, que a máscara dos golpistas caiu com o vazamento do áudio em que o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) faz uma espécie de discurso de posse, como se o impeachment já tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados. Segundo Dilma, ficou claro que há dois chefes do golpe que agem em conjunto.
“Ontem utilizaram a farsa do vazamento para difundir a ordem unida da conspiração. Agora conspiram abertamente à luz do dia para desestabilizar uma presidente legitimamente eleita. Ontem, ficou claro que existem, sim, dois chefes do golpe que agem em conjunto e de forma premeditada. Ontem fiquei chocada com a desfaçatez do vazamento. Se ainda havia alguma dúvida sobre o golpe, a farsa e a traição em curso, não há mais. Há um golpe de estado em andamento”, afirmou.
A presidenta explicou como funciona a tática dos golpistas para tentar retirá-la do cargo. “Não sei direito quem é o chefe e o vice-chefe. Um deles é a mão, não tão invisível assim, que conduz, com desvio de poder, o processo de impeachment. O outro esfrega as mãos e ensaia a farsa do vazamento de um pretenso discurso de posse”, disse. “Cai a máscara dos conspiradores. O Brasil e a democracia não merecem tamanha farsa. O fato é que os golpistas que se arrogam, a condição de chefe e vice-chefe, do gabinete do golpe, estão tentando montar uma fraude para interromper no Congresso um mandato que me foi conferido pelos brasileiros”, complementou.
Segundo ela, os próximos dias serão de ataques à sua imagem através de informações falsas, vazamentos ilegais de delações e manchetes escandalosas. “Eles caluniam enquanto leiloam posições do gabinete do golpe. Peço que todos estejam atentos e vigilantes. Tentarão de tudo, nos intimidar, nos tirar das ruas. Não aceitem provocações. Mantenham-se unidos porque não somos do ódio”.
No início do encontro com os profissionais da educação em defesa da democracia, Dilma cumprimentou efusivamente a estudante de Medicina, Suzane da Silva, que sofreu ameaças racistas após publicar nas redes sociais que ‘A Casagrande surta quando a senzala estuda Medicina’. Suzane estuda graças a uma bolsa do ProUni.
“Vou repetir o que disse aqui mesmo, em momentos anteriores: o golpe não é contra mim, embora tentem construí-lo por meio do impeachment. O golpe é contra o projeto de Brasil que represento. É contra tudo aquilo que, nos últimos 13 anos, temos feito com apoio do povo e com o trabalho incansável dos movimentos sociais e de brasileiras e brasileiros como vocês. O golpe é contra as conquistas da população e contra o protagonismo assumido pelo povo brasileiro nestes 13 anos. Protagonismo exercido no acesso à renda e a empregos, na inclusão social e na redução das desigualdades e, sem dúvida, na democratização do acesso à educação”, enfatizou.
Dilma disse que o Brasil não será o país do ódio, numa referência à escalada de tensão por conta da votação do processo de impeachment que ocorrerá domingo, na Câmara dos Deputados.“E que não se construa o ódio como uma forma de se fazer política no País. O ódio, a ameaça, a perseguição de pessoas”, afirmou.
Por fim ela enfatizou que o golpe não vingará: “Pretendem derrubar, sem provas e sem justificativa jurídica, uma Presidenta eleita por mais de 54 milhões de eleitores. A verdade haverá de prevalecer. O impeachment não vai passar. O golpe será derrotado”, finalizou.
Portal Brasil com PT na Câmara
Foto: Roberto Stuckert Filho
Educadores cantam hino nacional no ato em defesa da democracia