No dia do aniversário do golpe parlamentar que a afastou da presidência da República, a presidenta legítima Dilma Rousseff afirmou durante palestra nesta terça-feira (17) na Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA), que o ex-presidente Lula terá papel fundamental nas eleições deste ano no Brasil independente da perseguição jurídico-midiática voltada contra ele. “Lula estará presente nessa eleição. Preso ou solto, condenado ou absolvido, vivo ou morto”, ressaltou. Muito aplaudida pelo público presente ao auditório, Dilma reiterou que a denúncia que motivou a condenação e prisão de Lula é vazia, e que a detenção do ex-presidente é inconstitucional e visa a tão somente afastá-lo da disputa eleitoral.
“Toda vez que Lula é condenado, e agora depois de preso, acham que ele vai desaparecer das pesquisas. Mas um levantamento recente colocou o ex-presidente com o dobro da intenção de votos do segundo colocado”, observou Dilma diante dos aplausos da plateia. Ainda assim, a presidenta eleita alertou para o risco de impedirem Lula de concorrer nas eleições de outubro, diante do quadro de enfraquecimento da democracia e da situação política e econômica do País.
Segundo Dilma, afastar o candidato preferido da população da disputa pode trazer ainda mais instabilidade ao Brasil. “A liberdade de Lula pode viabilizar uma eleição democrática em outubro. Nesse momento, a democracia é o aspecto mais importante nessa conjuntura, mas sem ela, não haverá recuperação da economia, da soberania e do pacto democrático que viabilize o respeito às regras do jogo”, destacou Dilma.
Durante a conferência, a presidenta eleita denunciou ainda inúmeros retrocessos sociais e econômicos experimentado pelo País após o golpe, principalmente relacionados aos ataques a direitos, eliminação de programas e ações sociais, além de cortes no orçamento para a saúde e a educação.
Veja abaixo a íntegra do discurso de Dilma Rousseff:
Héber Carvalho
Foto: Ricardo Stuckert