Dilma defende integração e critica colonialismo na Cúpula das Américas

dilmacolombia1604A 6ª Cúpula das Américas, realizada em Cartagena das Índias, Colômbia, no sábado (14) e domingo (15), foi marcada pelo impasse em relação às Malvinas, à participação de Cuba na Organização dos Estados Americanos (OEA) e pela enfática defesa da “integração entre iguais” proposta pela presidenta Dilma Rousseff.

A postura ativa da mandatária brasileira foi considerada por analistas políticos uma espécie de contraponto à participação aparentemente desinteressada do presidente dos EUA, Barack Obama.

Enquanto Dilma criticava as marcas do colonialismo que ainda hoje emperram o desenvolvimento dos países latino-americanos, Obama sublinhava o aspecto comercial das relações entre os países. “Uma classe média próspera e ascendente abre mercado para as nossas empresas. Aparecem novos clientes para comprar ‘Iphones’, ‘Ipods’, ‘Boeings’…”, dizia Obama, quando foi interrompido por Dilma: “Ou Embraer!”, num aparte bem humorado que despertou sorrisos entre a plateia presente ao local do encontro.

“Esse fator de parceria entre iguais é extremamente relevante. Nós tivemos um virtuoso processo de ampliação do mercado interno e precisamos destacar a importância da integração das nossas economias, seja diversificando as nossas cadeias produtivas, fazendo com que elas se articulem intra-regionalmente, seja pelo fato de que nós temos grandes parcerias na área de infraestrutura, seja ela logística, seja ela energética. E também temos setores industriais significativos que podem ser articulados num processo de integração em todos nós ganhemos, uma integração entre iguais”, afirmou Dilma.

A presidenta fez referência às décadas recentes e ao passado colonialista. “As relações assimétricas foram muito negativas para o nosso continente. Nos últimos 20 anos, tivemos recessão, desemprego e ausência de perspectivas de crescimento. O relacionamento virtuoso é aquele que respeita a soberania dos países e enxerga o crescimento recíproco como essencial. Todos aqui nessa mesa fomos países coloniais, inclusive os Estados Unidos, que pegou em armas para defender sua independência. Todos sabemos que não há diálogo entre desiguais”, argumentou a brasileira.

Dias antes da Cúpula, na quarta-feira (11), o jornal britânico The Guardian publicou reportagem dizendo que os representantes de todos os países do continente queriam falar com a presidenta Dilma Rousseff, exceto os Estados Unidos.

Já a revista semanal The Economist, também da Inglaterra, afirma em sua edição de 12 de abril que os “dois gigantes americanos estão lentamente conseguindo se conhecer”.

Malvinas e Cuba – A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, retirou-se da Cúpula quando Estados Unidos e Canadá informaram que não apoiariam a reivindicação Argentina de soberania sobre as ilhas Malvinas. Estes dois países também se posicionaram contra a reintegração de Cuba à Organização dos Estados Americanos (OEA). Os dois temas inviabilizaram uma declaração final conjunta dos Estados participantes do evento.

Exceto EUA e Canadá, os demais países defenderam a participação de Cuba na próxima Cúpula das Américas.

O deputado Dr. Rosinha (PT-PR) elogiou a participação de Dilma e acredita que suas declarações favorecem a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). “Considero muito positiva a postura afirmativa da presidenta Dilma, que fez uma crítica enfática aos Estados Unidos e mostrou que as relações entre os países devem ser pautadas na igualdade e não na submissão econômica, política ou mesmo militar. Isso reforça a posição de liderança do Brasil na América Latina e fortalece a construção da Unasul”, avalia Rosinha, que é vice-presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul).

Rogério Tomaz Jr.

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