A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, defendeu nesta quinta-feira (8) o combate às drogas e criticou iniciativas favoráveis à legalização de substâncias entorpecentes. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aliado do pré-candidato do PSDB e ex-governador de São Paulo, José Serra, tem advogado pela descriminalização do porte de pequenas quantidades de maconha.
“Não há lugar mais para o charme traiçoeiro de um falso liberalismo que se contenta com a pregação da descriminalização da droga diante do crack”, afirmou a ex-ministra da Casa Civil durante discurso no evento em que recebeu o apoio do PCdoB à sua candidatura. “Ele (crack) é o inimigo número um de toda a sociedade brasileira.”
Dilma direcionou seu discurso principalmente aos jovens e mulheres. Para ela, as mães têm um papel fundamental na luta contra as drogas, a qual deve ser composta por “repressão, terapia e prevenção.”
Vestida de vermelho e preto, Dilma destacou as realizações do governo Lula na área educacional. Ponderou, no entanto, que a área ainda precisa avançar muito. Em uma estocada nos governos do PSDB, ela disse que pretende valorizar os professores. “Temos que continuar melhorando a qualificação e remuneração dos professores, ampliando as conquistas trazidas por este governo e, sobretudo, jamais saindo às ruas ou colocando a polícia nas ruas para bater em professores”, afirmou ela, referindo-se ao impasse sobre a greve da categoria no Estado de São Paulo, onde a PM foi orientada por José Serra a reprimir os paredistas.
FORÇAS DO ATRASO – Ela voltou a criticar a oposição, chamando PSDB, DEM e PPS de “forças do atraso” que “não têm projeto de desenvolvimento.” “Sempre querem desfazer o que está sendo feito e bem feito”, disparou. “Nós não vamos voltar com o passado. Só avançando vamos construir o futuro.” . Ela exortou a militância do PCdoB para “lutar para que não voltem aqueles que não têm um projeto para o Brasil, venderam o patrimônio público e sempre querem desfazer o que foi feito, e bem feito”. Membros da União da Juventude Socialista (UFS) então responderam em coro: “A juventude / já decidiu / é Dilma presidente do Brasil”.
O evento começou alegre, com Dilma entrando no palco ao som de um samba. A emoção também teve lugar. Ex-guerrilheira, Dilma ficou com os olhos marejados quando lembrou de antigos companheiros que morreram lutando contra a ditadura militar. Ela foi aplaudida de pé durante discurso realizado no ato de apoio do PCdoB à sua candidatura.
EMOÇÃO – “Vejo nos olhos de cada um de vocês a mesma chama que animou o heroísmo patriótico do saudoso João Amazonas, de Elza Monnerat, de Maurício Grabois. É essa mesma chama de amor e esperança que eu vejo brilhar nos olhos dos companheiros que estão aqui”, disse a ex-ministra – que participou de grupos de resistência durante a ditadura militar – , dirigindo-se ao presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, a deputados como Aldo Rebelo (AL, ex-presidente da Câmara), Vanessa Graziotin (AM, líder do partido na Câmara) e Manuela Dávila (RS) e Inácio Arruda (CE), único senador do PCdoB na atual legislatura.
Dilma foi ao microfone exortada pela platéia, e retribui, na primeira frase proferida. “Eu também te amo. É recíproco”, disse a petista, que minutos antes havia adentrado o auditório sambando ao som de Martinho da Vila. O séquito pecebista, aliás, recebeu o reforço cultural dos artistas Martinho da Vila, Leci Brandão, Jorge Mautner e Netinho de Paula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também participou do evento. O presidente ressaltou a reação brasileira à fase mais aguda da recente crise financeira internacional, no início de 2009, quando o Brasil criou quase um milhão de empregos formais enquanto a grande maioria dos países registrou baixas. “Vamos entregar este país com mais 14 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Isso demonstra claramente o acerto das políticas que implementamos”, disse Lula, apontando o “otimismo” de Lupi ao ampliar este número para 15,5 milhões.
O presidente rebateu também as críticas à recente visita ao Oriente Médio, onde tentou participar das negociações por um acordo de paz na região. E disse que o mundo precisa de uma ONU “multilateral”. “Por que a ONU, que criou o Estado de Israel, deveria criar o Estado da Palestina, e nós somos a favor dos dois, e que eles vivam em paz”, declarou Lula, garantindo que repreenderia o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, caso ele extrapolasse o “limite” no enriquecimento de urânio (matéria-prima da bomba atômica). “Eu direi: ‘escuta aqui, ô companheiro, o que é que há? O Brasil é contra a bomba atômica porque na nossa Constituição está escrito que somos contra”, disse.
Equipe Informes, com agências