A presidenta Dilma Rousseff fez nesta quarta-feira (16) uma firme defesa da democracia e condenou os que querem atropelar a Constituição – como os golpistas do PSDB – para chegar ao poder sem os votos do povo brasileiro. Ao participar da Conferência Nacional de Juventude, ela lembrou que a Constituição brasileira prevê o processo de impeachment, mas não o “atentado” à democracia, os “atalhos” e “artifícios” para se chegar ao poder.
“O mais irônico é que muitos dos que querem interromper o meu mandato têm uma biografia que não resiste a uma rápida pesquisa no Google”, afirmou. “Não conseguirão nada atacando minha biografia, sou uma mulher que lutou pelo meu país, amo meu país e sou honesta”, acrescentou, em discurso que durou cerca de meia hora.
Dilma lembrou que a Constituição não prevê a “invenção de motivos” para tirar alguém de um cargo público. “Isso não está previsto em nenhuma constituição. Por isso, aqueles que tentam chegar ao poder de forma a saltar a eleição direta oscilam entre invenções e falácias porque não há como justificar o atentado que querem cometer contra a democracia e é isso que nós chamamos de golpe”, explicou a presidenta.
Bolsa Família – Dilma ainda rebateu os pontos usados como argumento para a abertura do processo de impeachment, ao afirmar que foram regulares os decretos de suplementação orçamentária assinados neste ano, além das chamadas “pedaladas fiscais”. “Pagamos o Bolsa Família sim, pagamos o Minha Casa Minha Vida. Ao fazê-lo, sempre respeitamos as leis que existiam”, frisou.
De acordo com a presidenta, é preciso garantir o voto popular direto e respeitar o resultado das eleições. “Vamos mudar o Brasil impedindo que atalhos levem este País a uma situação de instabilidade”, garantiu, antes de alfinetar o governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin: “Não mudaremos o Brasil fechando escolas, isso é certo”.
Em outro trecho do discurso, Dilma afirmou que não será possível mudar o Brasil para melhor se a população permitir que a “jovem democracia” do País seja “golpeada, agredida e desrespeitada”. A presidenta ainda ressaltou que é preciso garantir o respeito ao voto popular e ao resultado das eleições. “Sabemos que defender a democracia é mudar o Brasil para melhor”.
A uma plateia formada majoritariamente por jovens, a presidente destacou que está em um curso “uma batalha que quer mudar os rumos do País por muito tempo”. Ela relembrou sua juventude, quando lutou contra o regime militar, e disse saber que os “pequenos passos” podem se transformar em “pesadelos” quanto a ditadura se instala no País. “E, neste momento, usando todos os instrumentos que o Estado Democrático de Direito me faculta, lutarei contra a interrupção ilegítima do meu mandato”, acrescentou.
Evento – Ao lado do ex-presidente uruguaio José Mujica e de ministros, como Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência Social), Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário), Edinho Silva (Comunicação Social), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome),Jaques Wagner (Casa Civil), e Nilma Lino Gomes, (Secretaria das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos), Dilma foi ovacionada pela plateia, que entoou diversas vezes a palavra de ordem “não vai ter golpe”, em referência ao processo de impeachment aberto pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em sintonia com o PSDB e outros partidos golpistas.
Os jovens presentes cantaram a segunda parte do Hino Nacional e deram ênfase ao trecho “verás que um filho teu não foge à luta”. A plateia também cantou parabéns para Dilma, que completou 68 anos na última segunda (14).
No evento, o presidente do Conselho Nacional de Juventude, Daniel Souza, disse que o objetivo da conferência iniciada nesta quarta é “defender a participação social e a democracia, porque não vai ter golpe”. Em seguida, ele e a plateia entoaram outra palavra de ordem: “o Cunha vai cair, vai cair, vai cair!”.
PT na Câmara com agências
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR