Em artigo, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), líder da bancada do PT na Câmara, analisa que o governo comandado por Michel Temer e Henrique Meirelles não tem nenhuma condição de atender aos interesses do País. “Não só porque nunca teve legitimidade dada pelo voto popular, bem como nunca teve compromisso com a maioria da população. Temer e seus apoiadores agem em nome de um projeto de tornar o Brasil uma mera republiqueta sem nenhuma importância no cenário mundial. A única saída é a convocação de eleições diretas”.
Leia a íntegra:
Diálogo amplo e irrestrito para garantir as Diretas Já
por Carlos Zarattini
A condição para o Brasil superar a profunda crise econômica, política e social em que está imerso passa, primeiramente, pela saída do presidente ilegítimo Michel Temer, responsável direto pelo aprofundamento da turbulência que está levando o país para o abismo. Em seguida, pela convocação de eleições diretas, ainda neste ano, para os cargos de presidente da República, vice-presidente, senadores e deputados federais.
Para curar uma democracia enferma, nada mais saudável do que eleições diretas. A única fonte real de legitimidade na democracia vem do voto popular. É o povo que tem de eleger um presidente da República para ter a legitimidade de implementar políticas públicas que possam fazer o Brasil voltar a crescer de forma autossustentável e com justiça social.
O governo Temer é antipopular, executa um plano antinacional e não tem mais condições de governar diante de denúncias gravíssimas e por ser controlado por uma gang que tomou de assalto o Palácio do Planalto. É uma quadrilha que executa um programa econômico que aumenta a exploração do povo e retira direitos sociais, trabalhistas e previdenciários duramente conquistados ao longo de décadas.
É um governo que leva o Brasil para o fundo do poço na economia e na área social, com o objetivo exclusivo de atender aos interesses da elite brasileira, do mercado financeiro e do capital estrangeiro de olho nas riquezas nacionais. O Brasil espera um ato de grande de Temer, com sua renúncia ao cargo.
PEC DAS DIRETAS- Eleições diretas ainda em 2017 vão colocar o Brasil no trilho da democracia. O Partido dos Trabalhadores, em seu VI Congresso, tomou decisões nesta linha e estamos apresentando uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que antecipa para este ano as eleições presidenciais e para o Congresso Nacional, enquanto a de governadores e assembleias legislativas seriam feitas normalmente no ano que vem.
Trata-se de uma PEC com caráter de excepcionalidade dada a crise sem precedentes em curso no Brasil. É uma iniciativa legítima que vai ao encontro do sentimento popular de rejeição ao governo Temer e à maioria parlamentar.
Os mandatos de cinco anos para presidente, vice, senadores e deputados federais seriam válidos até 2022, voltando a coincidir com as eleições para governadores e deputados estaduais.
No campo progressista e democrático, há unidade para os entendimentos em torno das Diretas Já. No Parlamento, o PT, PSB, PCdoB, PDT e PSOL , junto com parlamentares avulsos de outras agremiações, já criaram a Frente Parlamentar pelas Diretas Já. Na sociedade civil, surgiu a Frente Ampla Nacional pelas Diretas Já, com mais de 50 entidades envolvidas na mobilização por eleições diretas.
Diferentes atores percebem que este é o caminho mais legítimo para o Brasil dar um salto e superar o golpe realizado há um ano, com a retirada da presidenta legítima Dilma Rousseff sob o pretexto de ter cometido ”pedalada fiscal”.
DIÁLOGO – Nessa perspectiva, cabe ao PT e aos outros partidos envolvidos com as Diretas Já conversar com todos os segmentos da sociedade.
Assim, surpreendeu positivamente a posição anunciada semana passada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em defesa da renúncia do ilegítimo Michel Temer e da realização de eleições diretas já. A adesão de Fernando Henrique a este movimento que o PT e outros partidos têm estimulado há tempos demonstra que a resistência popular ao golpe e às reformas vem provocando fissuras no bloco governista. Cabe a todos os que defendem a democracia dialogar e articular uma saída democrática. Sairemos do atoleiro institucional, político e econômico por intermédio das urnas e pelo voto popular.
O governo comandado por Michel Temer e Henrique Meirelles não tem nenhuma condição de atender aos interesses do País. Não só porque nunca teve legitimidade dada pelo voto popular, bem como nunca teve compromisso com a maioria da população. Temer e seus apoiadores agem em nome de um projeto de tornar o Brasil uma mera republiqueta sem nenhuma importância no cenário mundial.
A única saída é a convocação de eleições diretas. Por meio de um processo democrático, o povo escolhe o projeto que achar melhor para Brasil. É com eleições livre e democráticas que vamos criar condições para gerar empregos, renda e trazer de volta a autoestima dos brasileiros.
Carlos Zarattini – Deputado federal (PT-SP) e líder do partido na CÂMARA DOS DEPUTADOS
(Publicado originalmente no GGN)