O chefe da coordenação de campanha de José Serra à Presidência da República em 2002, Pimenta da Veiga, recebeu uma quantia de R$ 425 mil do publicitário mineiro Marcos Valério e até hoje não foi dada uma explicação convincente sobre o caso. A denúncia foi feita hoje pelo blogAmigos do Presidente Lula. O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) cobrou explicações dos tucanos.
“Se José Serra, que disputa, no segundo turno, a prefeitura de São Paulo com o candidato do PT Fernando Haddad, quer discutir na campanha “valores” e “mensalão”, deve, então, começar explicando o dinheiro recebido por Pimenta da Veiga, do PSDB de Minas Gerais, onde começou a montagem do que se convencionou chamar de mensalão”, disse Devanir.
O parlamentar lembrou que o publicitário Marcos Valério sempre teve vínculos com os tucanos e pessoas vinculadas às campanhas de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. O funcionamento do que se convencionou chamar de mensalão começou em Minas Gerais, em 1998, com a campanha do tucano Eduardo Azeredo ao governo de MG.
Pimenta da Veiga foi ministro das Comunicações de FHC de 1999 até 2002, quando assumiu a campanha de Serra. Durante sua gestão, as portas dos Correios (estatal ligada ao Ministério das Comunicações) foram abertas para as agências de publicidade de Marcos Valério, estabelecendo-se, assim, uma relação de favores entre o ministro e o publicitário Marcos Valério.
Investigações da Polícia Federal, conforme o blog Amigos do Presidente Lula, sobre o inquérito complementar ao “mensalão”, identificaram pagamentos no valor de R$ 300 mil de Marcos Valério para Pimenta da Veiga: “A partir da conta mantida pela DNA PROGAGANDA LTDA no BANCO DO BRASIL, foram realizadas duas transferências para a conta corrente nº 88000814-8, no BANCO RURAL, de titularidade de JOÃO PIMENTA DA VEIGA FILHO, a primeira no dia 18/03/03 e a segunda em 25/04/03, sendo que ambas foram realizadas no valor de R$ 75.000,00” ….. “Em análise da conta corrente nº 6002595-2, mantida pela SMP&B COMUNICAÇÃO LTDA no BANCO DO RURAL, também foram identificados outros dois créditos no valor de R$ 75.000,00 cada um, denominados de “pagamentos de obrigação”, realizados em favor da conta 88000814-8, de titularidade de JOÃO PIMENTA DA VEIGA FILHO, NOS DIAS 18/03/03 e 16/04/03.” Valores, esses, que Pimenta da Veiga diz terem sido pagamentos por serviços do seu escritório de advocacia.
Na CPI dos Correios, também foi identificado outro pagamento de R$ 152 mil para o ex-ministro tucano, conforme notícia do jornal Valor Econômico em 28/07/2005: “Um contrato de mútuo em poder do Valor comprova que Pimenta fez um empréstimo no Banco BMG de R$ 152.045,00, onde figura como devedor. Marcos Valério e sua esposa, Renilda Maria Santiago, aparecem como devedores solidários.” A “explicação” do tucano trouxe mais dúvidas do que esclarecimentos . Segundo ele, os valores dizem respeito ao pagamento de honorários advocatícios por meio de um contrato de mútuo, ou seja, como se ele tivesse feito um empréstimo para Marcos Valério pagar como fiador.
Devanir estranhou o fato de o Ministério Público não ter feito uma investigação profunda dessa relação entre o coordenador da campanha de Serra e o publicitário Marcos Valério.“Infelizmente, a grande mídia, com o objetivo primordial de destruir o PT, ignora o esquema desenvolvido por Marcos Valério com os tucanos em Minas Gerais e também no governo FHC”, disse. Ele observou que o STF também se esqueceu do esquema do publicitário com o PSDB de Minas. “ Em vez de julgar primeiro o caso do “mensalão” dos tucanos de MG, o STF julgou primeiro as denúncias que envolveram o PT no esquema de financiamento de campanhas eleitorais. Espero que o STF investigue com o mesmo rigor o mensalão tucano de MG e também o mensalão do DEM no governo Arruda, no Distrito Federal. A lei que vale para Francisco vale para Chico”, afirmou.
Equipe Informes
