O deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) destacou hoje a importância do programa de combate ao desmatamento na Amazônia que o governo Dilma tem implementado, dando sequência e aprofundando ações iniciadas durante o governo Lula (2003-2010). Ele lembrou que, além de proteger a biodiversidade e conter a emissão de gases de efeito estufa, a forte redução do desmatamento que ocorreu na Amazônia nos últimos dez anos teve efeito positivo também na saúde, conforme aponta estudo realizado por pesquisadores da Inglaterra, dos Estados Unidos e Brasil publicado nesta quarta-feira.
Conforme lembrou Monteiro, a pesquisa, publicada no periódico Nature Geoscience, é a primeira a mostrar a relação entre desmatamento e saúde. Parte-se do princípio de que se a perda florestal foi menor, significa que houve menos queimadas e, portanto, menos fumaça contendo material particulado e outros poluentes prejudiciais à saúde, como monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio.
Trabalhando com imagens de satélite, medições no solo, modelos de circulação atmosférica e cálculos que relacionam poluição e doenças, os autores concluíram que, com menos queimadas, diminuiu em até 30% a camada de fumaça. Com isso, de 400 a 1.700 mortes podem estar sendo evitadas anualmente na América do Sul.
“Esses dados tornam o Brasil um exemplo a todo o mundo’’, comentou o deputado petista. Segundo ele, colhem-se os frutos de uma política ambiental que beneficia não só a população da Amazônia , mas também do restante do planeta. ‘’O governo Dilma faz a sua parte no combate às mudanças climáticas”, disse o parlamentar.
Ele lembrou que a experiência brasileira na contenção do desmatamento da Amazônia é um dos grandes trunfos do Brasil na 21ª Conferência do Clima (COP 21) que será realizada em dezembro próximo, em Paris. O principal objetivo da conferência é costurar um novo acordo entre os países para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, diminuindo o aquecimento global e em consequência limitar o aumento da temperatura global em 2ºC até 2100. O encontro vai reunir os 196 países integrantes da ONU.
A abrangência do beneficio da redução da queimada ocorre, segundo um dos autores do estudo, o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo, porque a fumaça, que é gerada principalmente no sudoeste da Amazônia (onde está o chamado arco do desmatamento), se transporta junto com vapor d’água para todo o continente.
Segundo ele, no auge do desmatamento, que atingiu mais de 27 mil km² na Amazônia, em 2004, era possível ver claramente do espaço uma grossa camada de fumaça sobre a região. Hoje a taxa anual está em cerca de 5 mil km², uma redução de mais de 80%. Ainda é possível ver fumaça pelos satélites, mas a espessura já é bem menor.
Os pesquisadores, liderados por Dominick Spracklen, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, analisaram a profundidade da camada de fumaça por imagens de satélite e com sensores localizados no solo durante a temporada seca no sudoeste da Amazônia, entre agosto e outubro no período de 2001 a 2012. “Em anos com altas taxas de desmatamento, a atmosfera estava muito mais poluída se comparada a anos com baixo desmatamento. Com a forte queda, os níveis de poluentes associados também diminuíram”, diz Artaxo.
Essas observações foram depois combinadas com modelos atmosféricos de circulação global. A fumaça gerada na Amazônia vem parar, por exemplo, no Sudeste do Brasil. Considerando a densidade populacional, Artaxo estima que os maiores benefícios da redução das queimadas foram sentidas nessa parte do Brasil. “Mas claro que no entorno a melhora também é visível. Há 20 anos, quando ia, por exemplo, para Alta Floresta (MT), voltava para o hotel cheirando a queimada, como se estivesse do lado de uma fogueira. Hoje não é mais assim”, conta o físico.
Equipe PT na Câmara, com agências