“O pior dos mundos”. Assim reagiram os deputados Nilto Tatto (PT-SP) e João Daniel (PT-SE) à indicação da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) para a presidência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara. O histórico da deputada – conhecida por disseminar declarações falsas e ataques à ambientalistas – leva os parlamentares a vislumbrarem um cenário devastador com sua presença à frente do colegiado. A Bancada do PT lutou para evitar mais esse retrocesso.
“É o pior dos mundos do ponto de vista da ameaça aos direitos coletivos representados na área socioambiental”, reagiu Nilto Tatto à indicação de Zambelli, que é aliada do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles e de Jair Bolsonaro – ambos responsáveis pelos grandes retrocessos na área ambiental do País.
Para o ex-coordenador do Núcleo Agrário da Bancada do PT na Câmara, deputado João Daniel, a nomeação de Carla Zambelli significa um grande retrocesso para a área ambiental do Brasil. “É triste, por isso nosso repúdio à Câmara votar, apoiar e eleger uma presidenta da Comissão de Meio Ambiente que representa a desgraça ambiental deste País”, defenestrou o deputado.
Não é à toa a revolta do parlamentar sergipano. Em um evento promovido pela ONU, em novembro de 2019, a parlamentar bolsonarista acusou as ONGs de colocarem fogo na Amazônia para criminalizar o governo de Bolsonaro. Na mesma ocasião, Zambelli alegou que a Amazônia nunca havia queimado tão pouco nos últimos 20 anos. Informação falsa que se contrapõe aos levantamentos ambientais.
“Carla Zambelli é uma presidenta aliada de Bolsonaro, do ministro do Meio Ambiente, uma presidenta que responde a processo no STF por fake News, por mentira. Ela representa o que há de pior, atraso da história da sociedade brasileira. Ela dará ao Brasil uma visão de que a comissão da Câmara na área do meio ambiente está entregue ao lixo e ao serviço do agronegócio, a serviço do desmatamento, da grilagem de terra e do total descaso com a questão ambiental”, lamentou João Daniel.
Boiada de Salles
O deputado Nilto Tatto lembrou que Ricardo Salles conseguia fazer a “boiada passar” a partir de mudanças nas normas infralegais, com desestruturação de programas ou com corte no orçamento da pasta. “Agora, com a nova direção na Comissão de Meio Ambiente e também da Comissão de Constituição e Justiça, e da Comissão de Agricultura, está dada todas as condições para boiada começar a passar, agora também do ponto de vista de retrocessos na legislação”, alertou o deputado se referindo à composição das comissões citadas por ele.
Momento de embate
O deputado prenuncia momentos difíceis, árduos e de muita luta para aqueles que defendem o meio ambiente no País. Segundo o parlamentar paulista, tudo se agrava porque, além da composição, há o funcionamento das comissões que, com a pandemia, passaram a ter reuniões e votações remotas, o que não permite a participação da sociedade civil nos debates.
“Então, vai ser um momento muito difícil de embate na Câmara, que coloca em risco ganhos da sociedade brasileira nas últimas décadas. O que a gente vislumbra daqui pra frente é um período muito ruim do ponto de vista das conquistas no campo do direito”, preocupou-se Nilto Tatto.
Fakes de Zambelli
Entre as inúmeras declarações falsas da deputada, está aquela em que ela afirma que o desmatamento está sob controle, que o Brasil é o país que mais preserva. Em setembro de 2020, postou em sua conta pessoal no Instagram que “ao contrário do que dizem, nossos valiosos patrimônios naturais, como a Amazônia e o Pantanal, são preservados pelo governo de Bolsonaro”. A legenda acompanha uma imagem na qual está escrito que “temos o maior programa de pagamento de serviços ambientais do mundo” — falso — e que “nosso código florestal é o mais restritivo do mundo” — o que é enganoso.
Benildes Rodrigues com informações do site Eco