Desastre da diplomacia de Araújo põe vacinação nacional em risco

A atuação desastrosa da diplomacia brasileira representa, mais uma vez, uma grave incursão contra os interesses estratégicos do país, desta vez colocando em risco a saúde e a vida do povo brasileiro. Sob o ministro Ernesto Araújo, a falta de habilidade diplomática do Itamaraty, aliada à incompetência do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, resultaram no desabastecimento de insumos essenciais para a produção das vacinas contra a Covid-19 no país. Diante da catástrofe, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) propôs, nesta terça-feira (19), que o Congresso Nacional crie uma delegação de parlamentares para dialogar com o governo chinês e garantir a importação dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs).

A matéria prima, de origem chinesa, é necessária para que o Instituto Butantan e a Fiocruz possam fabricar as vacinas no Brasil. Se os insumos não chegarem em breve no país, as vacinações poderão ser interrompidas, uma vez que o governo não tem plano B depois que a Índia retirou o Brasil da lista de países que receberão os imunizantes da Oxford/AstraZeneca. Nesta quarta-feira (20), a Índia inicia a exportação das vacinas para Butão, Maldivas, Bangladesh, Nepal, Mianmar e Seychelles.

Pazuello limitou-se a afirmar, durante entrevista coletiva, que o governo aguarda uma “resposta positiva” para ter uma data do envio, pela Índia, de uma remessa de 2 milhões de doses da AstraZeneca. O governo indiano não confirmou quando será data.

Foto: Gustavo Bezerra

Segundo Teixeira, o presidente Jair Bolsonaro não tem condições de negociar nada. “Não tem como dar certo: presidente da República nomeia Pazuello ‘craque em logística’ e Ernesto Araújo ‘craque em diplomacia’ para negociar insumos farmacêuticos para a produção da vacina com a China”, afirmou Teixeira.

O deputado junta-se à presidenta Nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que vem defendendo a articulação urgente de uma agenda de trabalho para que o Congresso Nacional assuma mais uma vez sua responsabilidade na crise sanitária e econômica provocada pelo desgoverno Bolsonaro.

“Ter o Congresso Nacional absolutamente vazio e sem sessões é vergonhoso diante da crise que vivemos”, denunciou Gleisi, em vídeo pelas redes sociais. “Na falta do governo, o parlamento tem de assumir a responsabilidade”, afirmou a deputada, que defende uma campanha nacional para permitir a vacinação de toda a população.

Itamaraty contra a quebra de patentes de vacinas

A tragédia das relações internacionais do governo Bolsonaro é resultado do alinhamento cego do Ministério das Relações Exteriores à administração Trump, já no início do mandato. Conforme lembrou o colunista do UOL Jamil Chade, uma das razões do insucesso dos pedidos brasileiros com relação às vacinas da Índia, está na posição do governo brasileiro sobre a quebra de patentes na fabricação dos imunizantes, defendida pelos indianos.

Pela proposta indiana, que foi amplamente atacada pelo governo Bolsonaro, o fim das patentes permitiria que a produção ocorresse em laboratórios de qualquer país, democratizando o acesso. “Agora, Nova Déli diz que é justamente a falta de produção de versões genéricas da vacina contra covid-19 que impede o abastecimento global de um imunizante”, escreveu Chade.

Silêncio na OMC

Ainda de acordo com o colunista, durante uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta terça-feira, a Índia confirmou a falta de vacinas diante do impasse sobre as patentes, mas o Itamaraty, “sabendo de sua vulnerabilidade” se manteve em silêncio no encontro, “numa posição que se contrasta com os ataques que o governo promoveu desde setembro”.

Segundo apurou o colunista, “o recuo foi interpretado como um sinal da debilidade em que se encontra o país na busca por vacinas”. Ou seja, o país paga hoje o preço por um equivocado e  insustentável alinhamento automático às nações ricas. Vergonhosamente, o Brasil foi o único país em desenvolvimento a se declarar contrário a uma proposta que traria mais equilíbrio na guerra global pelas vacinas.

Aliado do governo cobra demissão de Araújo

Aumentando o fogo da panela que assa a batata do chanceler Araújo, o deputado Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China na Câmara e aliado do governo, pede a demissão do ministro. Segundo a coluna ‘Radar’, da ‘Veja’, “Pinato (PP-SP) tem sua leitura das consequências ao país do tratamento dispensado por Jair Bolsonaro, seus filhos e auxiliares ao maior parceiro comercial do Brasil”.

Pinato sustenta, de acordo com a coluna, que o país deverá mudar sua atuação diplomática se quiser acesso a insumos e vacinas. “A China não irá priorizar o Brasil enquanto não houver novo canal de diálogo. O presidente Bolsonaro precisa fazer um gesto. Não adianta bater e depois vir e tentar agradar. Tem que ter um gesto concreto”, declarou o deputado. O gesto é justamente a fritura do “craque” da diplomacia Araújo.

Redação da Agência PT

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