Deputados da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (22), para criticar a falta de compromisso do governo Bolsonaro com o meio ambiente e a inoperância do ministro da pasta, Ricardo Sales, diante da tragédia ambiental, que é esse derramamento de óleo que atinge, praticamente, todo o litoral do Nordeste. “É chocante ver que o governo brasileiro não toma uma providência. O que vimos até agora foi a solidariedade coletiva que se estabeleceu em Alagoas, em Pernambuco, na Bahia e que agora também no Ceará. É a solidariedade humana frente ao descaso, à incompetência e à negligência do governo brasileiro”, afirmou o deputado José Guimarães (PT-CE).
O parlamentar disse que o governo vai de um canto para outro sem nenhuma solução. “Até porque o governo Bolsonaro revogou os conselhos, um instrumento que o governo Dilma tinha para discutir, encaminhar e agir nesses momentos de tragédia”, lamentou Guimarães. Ele defendeu a iniciativa do deputado João Campos (PSB-PE) de coletar assinaturas para uma CPI para apurar as causas do derramamento desse óleo. “Apoiamos a CPI e outras iniciativas como a convocação do ministro Sales, para vir a esta Casa esclarecer o que ele tem feito para impedir essa tragédia ambiental”.
O vice-líder da Minoria alertou que a tragédia vai comprometer o fluxo turístico do Brasil. “Vai haver impacto nessa área, vai haver impacto na economia, porque as regiões que estão sendo atingidas são as regiões mais procuradas. E está todo mundo apavorado, porque a ação humana de solidariedade com a tragédia não vence a agressividade com que se espalha esse óleo nas várias regiões praianas do Nordeste brasileiro”.
Descaso do governo
Para o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), o governo já demonstrou, em mais de uma oportunidade, que não tem apreço pelo meio ambiente, pela vida, pelo nosso ecossistema. “O que está acontecendo no litoral nordestino é mais uma demonstração do descaso. Trata-se de um dos maiores crimes ambientais. Enquanto, praticamente, todo o litoral nordestino está sendo atingido pelo petróleo, o qual não sabemos de onde vem, há mais de 2 meses, o governo está omisso, não dá a devida atenção diante de tamanha gravidade”, protestou.
Alencar Santana enfatizou que o governo tem a obrigação, o dever de agir, de solucionar a tragédia. “Mas, infelizmente, não age, não organiza e fica achando que aquelas pessoas que têm apreço, que amam seu litoral, a natureza, livremente, vão resolver o problema”, lamentou.
Na avaliação do deputado, se fosse alguma coisa de interesse econômico, com certeza, teria agido mais rápido. “Se fosse alguma coisa de interesse da família do presidente, com certeza este governo teria agido mais rápido. Mas, para proteger a natureza, a vida, as nossas praias, o nosso ecossistema, o governo está omisso: seja o presidente Bolsonaro, seja o ministro do Meio Ambiente”, criticou o deputado do PT de São Paulo.
O deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) também manifestou preocupação com o derramamento de óleo no litoral brasileiro. “Estamos aí percebendo e assistindo um governo inerte, incapaz, incompetente. Cadê o governo federal? Cadê o presidente Bolsonaro? Cadê o ministro do Meio Ambiente?”, indagou. Ele acrescentou que o governo tem que ser responsável, tem que apurar as causas, socorrer o Nordeste, o litoral brasileiro. “Lá temos pescadores, trabalhadores, pessoas que moram naqueles locais, turistas que são uma fonte de renda para o Brasil e para aquela região. Portanto, cabe ao governo assumir a sua responsabilidade”, cobrou.
Pescadores e marisqueiras
E o deputado João Daniel (PT-SE) anunciou que, a pedido de colônias de pescadores e de marisqueiros do seu estado, se reuniu ontem com a Secretaria do Estado da Agricultura e da Pesca na Administração Estadual do Meio Ambiente. “A preocupação de todos, em especial dos pescadores e pescadoras, dos marisqueiros e marisqueiras, é com a situação do litoral do Nordeste. O governo federal continua sem fazer nada”, lamentou.
João Daniel disse ainda que é preciso, com urgência, que algo seja feito tanto em relação às informações que o governo federal tem sobre a questão desse grave crime ambiental na Região Nordeste. “É fundamental também o apoio imediato aos pescadores e pescadoras artesanais e marisqueiras. A situação é muito grave. Nem se pesca, nem se vende. É preciso que se tomem medidas urgentes do governo federal”, pediu.
Vânia Rodrigues