Deputados protestam contra truculência da Polícia Legislativa em ato sobre tragédia de Mariana

protesto camara marianaParlamentares da Bancada do PT na Câmara ocuparam a tribuna nesta quinta-feira (26) para criticar a ação truculenta da Polícia Legislativa para reprimir ato contra o desastre ambiental em Mariana (MG). Durante o protesto, ocorrido na quarta-feira (25), os manifestantes escreveram a palavra “morte” com argila numa parede da Câmara, lembrando as vítimas do rompimento da barragem da empresa Samarco. Eles foram detidos pela Polícia Legislativa e encaminhados à Polícia Civil do DF, onde estão presos, sob acusação de resistência à prisão, lesão corporal, injúria e crime ambiental (pichação), crimes cujas penas somadas superam os quatro anos de detenção e, em razão disso, foram encarcerados sem direito a fiança. Os parlamentares petistas defendem a soltura imediata dos jovens.

O deputado Marcon (PT-RS) demonstrou indignação com a ação da segurança da Câmara que, de acordo com ele, trata com discriminação o trabalhador. “Parte da Segurança da Câmara, quando trabalhadores vêm aqui se manifestar – uma vez que, com certeza, o contracheque não é o mesmo – recebem tratamento que também não é o mesmo. Em várias manifestações nestas galerias, o tratamento é um. Certa vez, as pessoas arrancaram a roupa, e nada foi feito; aí quando vem o peão, o trabalhador humilde, é outro tratamento e parte da segurança o trata com desrespeito”, explicou Marcon.

Na avaliação do parlamentar petista, parte da Polícia Legislativa da Câmara não tem sensibilidade. “Eram integrantes de um movimento social fazendo manifestação contra o descaso, em Minas Gerais, com as famílias de Mariana que foram atingidas pela lama, que perderam suas terras, suas casas, seus entes queridos. E parte da Segurança os tratou como se esses trabalhadores fossem uma tropa de bandidos que tinha que ser combatida a qualquer custo. Eu estava lá, fui empurrado por um destes seguranças, fui agredido”, afirmou Marcon, que foi ameaçado de ser preso por um dos agentes que prenderam os manifestantes.

Para o deputado Padre João (PT-MG) houve “exageros” na ação da Polícia Legislativa. “Quase estrangularam um jovem, que ficou roxo. Há vídeos, há provas do exagero da Polícia Legislativa. Além do mais, um dos seguranças ameaçou por três vezes prender o deputado Marcon (PT-RS) – eu estava ao lado dele –, porque ele estava dizendo à Polícia que não era preciso tomar aquela atitude. Os jovens, que já estavam algemados, ainda foram como que arrastados pelo pescoço”, ressaltou Padre João.

O deputado Valmir Assunção (PT-BA) manifestou indignação. “Esta Casa tem que tomar uma atitude. Os jovens não podem ficar presos porque vieram protestar contra o crime ambiental. Isso é um absurdo”.

O deputado João Daniel (PT-SE) fez um apelo para que os jovens sejam soltos. “Fazemos um apelo à direção da Câmara para que tome as devidas providências no sentido da liberação imediata deles. Não concordamos com o tratamento que a Polícia Legislativa deu aos manifestantes que estavam na Casa de forma pacífica, fazendo um ato simbólico. A sociedade tem o direito de fazer mobilização, fazer protesto”, disse.

Gizele Benitz

 

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