Vários deputados petistas reuniram-se nesta terça-feira (24) com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, para pedir que o governo abra um canal de negociação com os transportadores de cargas dos estados do Sul e Centro-Oeste, em greve desde a semana passada. Com a paralisação dos caminhoneiros houve relatos, nos últimos dois dias, de desabastecimento de gêneros alimentícios e de combustíveis em cidades do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso.
Os caminhoneiros possuem uma pauta de reivindicação que inclui, entre outros pontos, aumento do preço do frete pago pelas empresas que comercializam grãos (tradings), redução do preço do óleo diesel e ampliação do prazo de quitação dos financiamentos tomados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para renovação da frota de caminhões.
Vários deputados petistas ressaltaram que o governo está disposto ao diálogo. O deputado Pedro Uczai (PT-SC) garantiu que o governo “assumiu o compromisso de dialogar com as lideranças do movimento dentro dos pontos de reivindicação dos motoristas”.
Ao prestar homenagem à categoria e destacar a importância dos profissionais para a economia do País, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) afirmou que um dos maiores problemas enfrentados pelos caminhoneiros no estado é o alto valor dos pedágios. “O mais caro do mundo”, ressaltou.
O deputado Assis do Couto (PT-PR), que também participou da reunião com o ministro Rossetto, destacou a importância do governo na negociação com os caminhoneiros. “Não é interferência. O governo precisa criar um ambiente de negociação para sair desse impasse que se instalou”. Segundo ele, a greve está levando “o caos a várias regiões do País”. Ele citou como exemplo o Paraná, onde existem notícias de cidades em que o transporte escolar não está funcionando por falta de combustível nos postos.
Lideranças– Segundo Assis, o ministro afirmou que o governo está aberto para conversar com os caminhoneiros, mas precisa saber quem são os interlocutores pelo lado dos grevistas. O setor é fragmentado, com caminhoneiros trabalhando em cooperativas, empresas e de forma autônoma. Isso dificulta a identificação dos líderes do movimento, que responderiam pelas negociações.
“Falta uma liderança nacional”, reconheceu o deputado Ságuas Moraes (PT-MT), que também se reuniu com o ministro Rossetto. Ele acredita, no entanto, que o governo tem margem para negociar algumas das exigências dos caminhoneiros, como a ampliação do prazo para os caminhoneiros pagarem suas dívidas com o BNDES e a sanção, sem vetos, do projeto que modificou as condições de trabalho da categoria, permitindo, por exemplo, uma jornada máxima de 12 horas de trabalho, contra 10 da legislação atual.
Héber Carvalho com Agência Câmara Notícias