No dia em que a jovem democracia brasileira sofreu uma ruptura provocada pelas forças conservadoras do país, deputados da Bancada do PT na Câmara ocuparam a Tribuna, nesta quinta-feira (12), para lamentar o golpe.
Para o deputado Zé Geraldo (PT-PA), o 12 de maio é um dia triste porque marca o retrocesso. “Como é que em um País do tamanho do Brasil, a maior economia da América do Sul, uma democracia que pensávamos que estava consolidada; de repente, acontece este nível de covardia e um golpe tão moderno como este que foi construído”, questionou o petista.
O parlamentar do PT lembrou que o golpe foi uma conspiração articulada minuciosamente e há muito tempo. “Este golpe não começou agora. Apenas se intensificou nos últimos três, quatro meses. As tratativas se deram logo que o presidente Lula começou a governar este País e começou a fazer bem. Aí, o Lula foi reeleito. Não satisfeitos, os golpistas inventaram o mensalão. E aí, com apoio de Lula, a presidenta Dilma foi eleita para seu primeiro mandato. Aí, os golpistas diziam que ela não seria reeleita. Mas foi. E aí, como eles não sabem aceitar o resultado das urnas decretaram que Dilma não iria governar e que iriam tirar dela do poder. Decidiram pelo impeachment. E não deram trégua. Aí elegeram um presidente na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para ajudar nesta engrenagem golpista que tem também a participação do juiz Sérgio Moro e da Fiesp, para comprar os votos dos parlamentares”, explicou.
Zé Geraldo disse ainda que “o povo brasileiro em breve vai descobrir que tudo isso é uma grande farsa. E, quando o Senado for julgar, a maioria do povo brasileiro estará contra esse impeachment”.
Também a deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o discurso do golpe de 12 de maio de 2016 é o mesmo de 30 de março de 1964. “É o mesmo discurso, os redentores. Aliás, o Golpe Militar foi chamado de Revolução Redentora. Parece que eu estou escutando o mesmo discurso. Daqueles que dizem que é preciso saquear o poder e tentam justificar isso”.
“Então, é golpe! E aí diz Dilma Rousseff: Eu carrego muita coisa, e o golpe não é contra Dilma, é contra a democracia, que é mãe de todos os direitos!”, reiterou.
O deputado Ságuas Moraes (PT-MT) afirmou que o golpe não fará do Brasil um país melhor. E criticou discursos de deputados que aplaudiram o golpe. “Ouvi hoje discurso de um deputado do PSDB e ele dizia que viraram essa triste página do Partido dos Trabalhadores. A página alegre deve ser a história do merendão de São Paulo, do trensalão de São Paulo. A história alegre deve ser o massacre contra os professores, promovido pelos tucanos no Paraná. Quem bate em professor não merece respeito”, disse Ságuas Moraes.
Para o deputado Luiz Couto (PT-PB), o golpe dado na democracia brasileira é resultado da farsa e da conspiração articulada pela Fiesp. Ele citou artigo de J. Carlos de Assis que denuncia o caixa dois montado pela Fiesp para comprar o impeachment.
“Esses industriais golpistas decidiram apostar tudo na derrubada da presidenta Dilma, não importam as consequências. Mergulhado na conspiração até o pescoço, Temer promete rever a iniciativa de Dilma de contingenciar 30% dos recursos do SESI/SENAI, e promover uma reforma trabalhista regressiva contra direitos consagrados na Constituição. Esta é mais uma prova do golpe, da farsa, da trairagem e da conspiração feita contra a presidenta Dilma”, reafirmou Luiz Couto.
Gizele Benitz
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
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