Deputados do PSOL e do PSB também denunciam parcialidade da CPI: “Todos contra o PT”

jorge solla gustavo

A aprovação de convocação de pessoas que não são investigadas pela Operação Lava Jato para depor na CPI da Petrobras e a rejeição para ouvir pessoas que são alvos da operação, na avaliação de deputados da Bancada do PT, confirmam a parcialidade e a seletividade da CPI. “Essa atitude só confirma que a CPI tem lado, como disse o próprio deputado Júlio Delgado (PSB-MG) aqui hoje: Não existe base aliada na comissão, são todos contra o PT”, afirmou o deputado Leo de Brito (PT-AC).

A seletividade, segundo Leo de Brito, depõe contra a própria CPI, quando deixa de investigar todos que são denunciados. “A denúncia de repasse de recursos de empreiteiras envolve cerca de 50 políticos. São parlamentares de 18 partidos com assento nessa Casa, incluindo PSDB, PMDB, PSB e PT, entre outros, mas aqui só se aprova ou se prioriza aquelas investigações que tratam do PT”, criticou. Leo de Brito fez questão de destacar que não se trata de poupar o seu partido. “Queremos investigar tudo, provamos isso, inclusive, com depoimento do ex-secretário de Finanças do PT, João Vaccari, mas não podemos aceitar a blindagem dos outro partidos”, protestou.

Na avaliação do deputado Leo de Brito, que falou na comissão pela Liderança do PT nesta terça-feira (17), se a CPI quer ouvir o presidente do Instituto Lula,  Paulo Okamoto, porque o instituto recebeu recursos da Camargo Corrêa, é preciso convocar o presidente do Instituto Fernando Henrique Cardoso, que também recebeu doações da mesma empreiteira. “Não se pode ter dois pesos e duas medidas”, afirmou Leo de Brito, desafiando o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO), a assinarem juntos  requerimento convocando o presidente do Instituto FHC para depor, uma vez que o tucano disse que seu partido quer apurar tudo.

Pietro Bianchi – O deputado Jorge Solla (PT-BA), autor do requerimento para convocação do ex-diretor da Camargo Corrêa, Pietro Bianchi, indeferido pelo presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse que a CPI está “dando tratamento desigual para situações iguais” e afirmou que vai insistir na convocação de Bianchi.

“Não vou aceitar tratamento diferenciado, serve o argumento do presidente de que Bianchi não está ligado a fatos apurados pela CPI”, afirmou Solla. Ele acrescentou que a Polícia Federal suspeita que Bianchi operava um esquema que também foi usado nas irregularidades detectadas pela Operação Lava Jato.

Jorge Solla citou reportagem do jornal Folha de S.Paulo, na qual revela que a Camargo Corrêa pagou R$ 7,4 milhões nos últimos anos a Bianchi, que foi preso pela Polícia Federal em 2009, acusado de ser o principal responsável por organizar os pagamentos de propina da empreiteira a políticos. O valor foi pago a Bianchi entre janeiro de 2008 e dezembro de 2013, segundo relatório da PF que foi anexado à ação penal movida contra a empreiteira pelos procuradores da Operação Lava Jato.

O relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), defendeu a convocação de Bianchi. “Com base em tudo que sai na imprensa e pelo que foi anexado no relatório da PF, ficou claro que Bianchi também é investigado pela Lava Jato e precisa ser ouvido por esse colegiado”, afirmou.

Os deputados Júlio Delgado e Ivan Valente (PSol-SP) também criticaram a parcialidade da CPI e cobraram a aprovação de requerimentos que, segundo eles, não entram na pauta de votação como “blindagem”, de alguns políticos. Eles cobraram a convocação do empresário Júlio Camargo, do policial civil Jayme de Oliveira e da ex-deputada Solange Almeida, solicitada em requerimento pelo deputado Ivan Valente. “Tem acordo para proteger gente aqui”, afirmou o deputado do Psol.

Júlio Camargo, Solange e Jayme são investigados pela Polícia Federal a partir do depoimento do doleiro Alberto Youssef, que disse que houve pressão de deputados sobre Camargo para que a empresa que ele representava na época, a Samsung, pagasse propina por contratos de aluguel de navios com a Petrobras. Youssef disse que a propina era destinada ao PMDB e que a pressão teria sido feita pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Vânia Rodrigues

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