Deputadas repudiam ataques misóginos e machistas de Bolsonaro à jornalista Patrícia Mello

Parlamentares do PT, PCdoB, PSOL, PSB e da Rede protestaram no plenário e no Salão Verde da Câmara contra o tratamento misógino e desrespeitoso do presidente Jair Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. As deputadas também divulgaram nota de repúdio ao presidente que, nesta terça-feira (18), insultou com insinuação sexual a jornalista, por causa de reportagens sobre o disparo em massa de fake news no WhatsApp para favorecer o ocupante do Planalto.

Esse tipo de discurso “misógino” de Bolsonaro, segundo a deputada Natália Bonavides (PT-RN), uma das signatárias do manifesto, não ataca só a jornalista Patrícia, “mas todas as mulheres que cotidianamente são vítimas de violência”. Ela informou ainda que, além de manifestar solidariedade à jornalista, as parlamentares estão estudando medidas jurídicas contra o presidente. “O poço desse governo não tem fundo. Não podemos deixar que atitudes como essas, que são praticamente cotidianas sejam naturalizas”, afirmou.

A deputada Marília Arraes (PT-PE) citou que essa postura desrespeitosa de Bolsonaro não é nova. “O presidente, lamentavelmente, está sempre envergonhando o Brasil perante o mundo com as suas atitudes. Desta vez, ele usou um espaço institucional como se tivesse conversando com amigos canalhas como ele, que gostam de piadas machistas como essa”, indignou-se. Marília se referiu ao fato de o presidente ter dito que a jornalista “queria um furo”. “Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim (risos)”, disse Bolsonaro nesta terça-feira, em entrevista diante de um grupo de simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada.

Na avaliação da deputada do PT pernambucano, o Brasil não concorda com esse tipo de postura. “Por isso, nós mulheres, apoiadas por homens estamos aqui para dar essa resposta ao Brasil, para dizer ao mundo que não concordamos com esse achincalhamento do presidente”, completou.

Solidariedade

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) manifestou na tribuna, em nome da Bancada do PT, solidariedade à jornalista Patrícia Mello. “Quero deixar registrado o nosso desagravo ao que aconteceu hoje. Em nome do nosso partido, nós queremos fazer um desagravo à Patrícia Campos Mello e a todos os jornalistas, homens e mulheres, que são atacados pelo governo Bolsonaro”, afirmou.

Rosário considerou um absurdo o ataque de Bolsonaro a um profissional de comunicação. “O que aconteceu é sem dúvida um desrespeito a toda a comunicação e à liberdade de imprensa. É um desrespeito de quem tem interesse em atacar uma jornalista pelo importante trabalho investigativo que ela fez. Patrícia revelou um esquema de disparos em massa do WhatsApp e abuso do poder econômico na campanha de Jair Bolsonaro”, afirmou.  Ela ainda explicou que o maior desagrado é porque Patrícia foi atacada por ser jornalista e por ser mulher. “É impossível convivermos em uma democracia com atitudes como essa”, lamentou.

E a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), disse que Bolsonaro dá um mau exemplo com as suas declarações. “A fala do presidente é uma orientação, especialmente para os jovens, os seguidores e admiradores dele. “Esse ataque a uma profissional no exercício de sua função não ajuda a construir um País democrático, que respeita os seus cidadãos. Na verdade, ele está e formando uma geração de machistas, por isso o nosso repúdio”, protestou.

Lula

O ex-presidente Lula, que esteve em Brasília nesta terça-feira, também comentou sobre a “misoginia” de Bolsonaro, classificando como “lamentável” os ataques do presidente contra a jornalista Patrícia Campos Mello. “A democracia não chegou à cabeça de Bolsonaro. Ele deveria ter bons modos e parar de ofender cotidianamente as pessoas”, afirmou. Lula acrescentou ainda que “está na hora de ele (Bolsonaro) aprender bons modos. “Educação é uma coisa que faz bem para todo mundo”, completou.

Leia a nota de repúdio:

Nota de repúdio ao presidente da República Jair Messias Bolsonaro

As deputadas federais abaixo assinadas vêm a público declarar total repúdio à declaração do Presidente da República Jair Bolsonaro sobre a jornalista Patrícia Campos Mello, ao dizer que “Ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim (risos)”.

A declaração absolutamente desrespeitosa e incompatível com a postura de um Presidente da República se referia à mentira contada pelo ex-funcionário da empresa Yacows durante depoimento prestado à CPMI das Fake News, de que a jornalista teria oferecido favores sexuais em troca de informações.

A própria jornalista publicou prints da conversa com o ex-funcionário, mostrando que foi ele quem insistiu em ir além da relação profissional, convidando-a para sair. Mas isso não foi suficiente para deixá-la a salvo dos ataques na internet e nem mesmo do Presidente Bolsonaro, que já foi condenado por atacar a dignidade sexual de uma parlamentar mulher, e que constantemente ataca a profissão de jornalista.

Esse tipo de discurso não ataca só a jornalista Patrícia, mas todas as mulheres que cotidianamente são vítimas de violência, seja dentro de casa, no transporte público e no próprio ambiente de trabalho.

Por isso repudiamos veementemente a postura do Presidente Jair Bolsonaro de, mais uma vez, atacar jornalistas e os direitos e a dignidade das mulheres em nosso País.

Veja a coletiva das deputadas no Salão Verde da Câmara:

Vânia Rodrigues

 

 

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