Não contentes com o ódio e a violência – simbólica, verbal e física – que já disseminam nas ruas e na Internet, representantes do Movimento Brasil Livre (MBL), entidade de viés fascista e financiada por fontes ocultas, usaram o plenário da Câmara dos Deputados para achincalhar a luta contra a discriminação racial e ofender militantes do movimento negro.
O ataque, patrocinado pelo partido Democratas (ex-Arena/PDS/PFL), ocorreu nesta terça-feira (22), durante comissão geral realizada para celebrar o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória das pessoas que morreram no chamado “massacre de Sharpeville”, em Joanesburgo, na África do Sul, em 1960.
Indicado pela Liderança do DEM para falar em nome do partido na atividade, Fernando Holiday, coordenador do MBL, chamou os convidados do evento – em sua maioria, militantes do movimento negro com décadas de luta pela igualdade racial – de “racistas” e “charlatões descarados”. Além disso, Holiday rasgou uma folha de papel com o Hino da Negritude e disse que o documento, que foi oficializado pela Lei 12.981/2014, merecia “a lata de lixo”.
O deputado Vicentinho (PT-SP), autor do projeto de lei que resultou no Hino à Negritude, afirmou que tomará medidas judiciais contra o representante do MBL. “Vamos entrar com uma ação judicial através da Procuradoria da Câmara. Ele não pode rasgar um hino que é uma lei. É como se rasgasse o Hino Nacional. É como se rasgasse a bandeira do Brasil. Isso a gente não pode aceitar de jeito nenhum”, disse Vicentinho.
Fernando Holiday é daqueles que, provavelmente, não consegue enxergar o genocídio da juventude negra e pobres. Tampouco deve existir para ele o racismo institucional que cria barreiras invisíveis que dificultam a ascensão social da população negra no mercado de trabalho. Talvez para ele seja apenas coincidência o fato de favelas e comunidades com baixo índice de urbanização e presença do Estado terem negros e negras como população majoritária. Indicador clássico do fascismo: nega e oculta a história.
Rogério Tomaz Jr.
Charge: Latuff