Diante das conversas de Deltan Dallagnol reveladas pelo Intercept Brasil nesta terça-feira (3), que deixam ainda mais nítida a atuação política do procurador, o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS), em discurso na tribuna, disse que o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato é “uma vergonha” para o Brasil. “É aquele negócio de vergonha alheia. Eu fico constrangido de ter que reconhecer que esse indivíduo é um Procurador Federal de nosso País”, disse o parlamentar gaúcho.
A série de reportagens denominada de “Vaza Jato” mostrou que Dallagnol e seus colegas do Ministério Público discutiram em vários momentos a apresentação de candidaturas de integrantes do órgão a cargos políticos na eleição de 2018. Dallagnol cogitou ser candidato ao Senado pelo Paraná, situação na qual contaria com o apoio de Álvaro Dias (Podemos), um dos aliados da operação que escapou imune de qualquer investigação sobre denúncias de corrupção. Além disso, a turma da Lava Jato tinha como “inimigos” o ex-senador Roberto Requião e a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, então senadora, agora exercendo mandato de deputada federal.
Pimenta criticou duramente o comportamento egocêntrico e vaidoso de Dallagnol e da força-tarefa em geral. “O indivíduo tinha um chat, um grupo no Telegram do qual só ele fazia parte. Ele mandava mensagens para ele mesmo e ele respondia as mensagens para ele mesmo. Ele pedia conselhos para ele mesmo, respondia os conselhos para ele mesmo e chegava à conclusão de que ele tinha razão, como numa espécie de espelho mágico: ‘Espelho meu, existe algum procurador mais sabido do que eu?’. Gente, esse é um negócio tão ridículo. É quase inacreditável que o Ministério Público Federal brasileiro tenha sido tomado de assalto. Imaginem o risco que corre a sociedade brasileira na mão de um indivíduo como esse”, ressaltou o líder.
Cereja do bolo
As novas mensagens expostas reforçam a avaliação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu uma perseguição política. “Como imaginar que o presidente Lula foi julgado por essa gente? Prender o Lula era a cereja do bolo, era um grande negócio do palestrante, era o grande negócio do Sergio Moro”, frisou o deputado, que cobrou um freio à atuação da República de Curitiba.
“É um risco esse cara [Dallagnol] permanecer solto sem tratamento, porque a sociedade brasileira corre um grave risco. Ele e os demais parceiros desta organização criminosa chefiada pelo Sergio Moro precisam ser contidos, e as pessoas que foram perseguidas devem ser colocadas em liberdade”, denunciou Pimenta.
Assista ao discurso completo do líder do PT:
Rogério Tomaz Jr.