Especialistas, estudantes e parlamentares reconheceram a necessidade de se integrar o ensino técnico profissional ao ensino médio como forma de oferecer mais opções de futuro aos jovens brasileiros. A constatação ocorreu durante audiência pública realizada na Comissão de Educação da Câmara nesta quinta-feira (5), para debater o diagnóstico e as perspectivas da Educação Técnica e Profissional no Brasil. O evento foi proposto pelo presidente da Subcomissão de Educação e Formação Profissional do colegiado, deputado Givaldo Vieira (PT-ES).
Durante o debate, o autor do requerimento que viabilizou a audiência disse que apesar dos avanços experimentados pelo avanço do ensino técnico e profissional no Brasil nos últimos 13 anos ainda é necessário integra-lo ao ensino médio.
“Grande parte dos estudantes não chega ao ensino superior, ou acaba ficando pelo ensino médio porque não o acham atrativo. Nosso País é promissor, mas necessitamos de mão de obra qualificada para dar condições dignas de vida ao povo brasileiro. Temos que superar essa visão equivocada que existe no Brasil de que o ensino técnico profissional é menos dignificante do que o ensino superior”, afirmou Vieira.
Nesse intuito, o Secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Marcelo Feres, destacou que o governo federal já estuda formas de integrar o ensino técnico profissional ao ensino médio.
“Já existe base jurídica para essa integração. Nosso desafio agora é implementar um sistema onde o estudante possa optar pelo currículo que deseja no ensino médio, inclusive, no âmbito do ensino técnico profissional”, ressaltou.
Nesse modelo, segundo ele, o estudante poderia escolher a base curricular que deseja aprender de acordo com uma área especifica. Como exemplo, o representante do MEC disse que essa base curricular de uma área poderia ser aproveitada em cursos de tecnólogos de nível superior.
Autor de quatro livros sobre o tema, e professor da Universidade Católica de Brasília, Cândido Alberto Gomes concordou com o argumento da valorização do ensino técnico profissional por intermédio da integração ao ensino médio.
“Mesmo em Países como a Finlândia, onde 50% dos estudantes optam pela formação técnica, existe a percepção de que sem uma política contínua para atrair os estudantes o percentual pode cair”, ressaltou.
Entre os atrativos, o especialista disse que além da integração com o ensino médio, quatro pontos são fundamentais para aumentar o interesse pelo ensino técnico profissional. Entre eles, citou a qualidade das instalações físicas, oferta de cursos de acordo com a demanda do mercado, melhoria da educação fundamental e o aprendizado na prática.
Avanços- Além dos desafios propostos, o representante do MEC lembrou que muito já foi feito nos últimos anos. Apenas nos últimos 10 anos, Marcelo Feres informou que as matrículas no ensino técnico e profissional público dobraram; o número de Institutos Federais de Ensino passaram de 140 para 570 unidades em todo o País, e foi criado o maior programa do mundo de qualificação da mão de obra, o Pronatec.
“E o novo Plano Nacional de Educação também nos impõe a meta de triplicarmos, até 2024, as vagas no ensino técnico profissional. Temos o desafio de tornar esse caminho natural para os estudantes, e não como uma segunda opção de quem não conseguiu acessar o ensino superior”, disse Feres.
Também participou do debate o professor-doutor do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, Simon Schwartzman.
Os deputados petistas Ana Perugini (SP), Angelim (AC), João Daniel (SE), Reginaldo Lopes (MG) e Ságuas Moraes (MT) também compareceram a reunião.
Héber Carvalho
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