Debate mostra importância da caatinga para a vida e equilíbrio ambiental

A importância do bioma caatinga e sua importância na vida do povo nordestino e no equilíbrio ambiental foi o tema da audiência pública realizada na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, na terça-feira (24). O debate foi proposto pelo deputado João Daniel (PT-SE), tendo em vista a importância desse bioma exclusivamente brasileiro, que vem sendo atacado e que ainda não é muito reconhecido em outras regiões do país. A audiência pública foi coordenada pelo deputado Nilto Tatto (PT-SP), presidente da comissão.

Único bioma exclusivamente brasileiro, ocupando uma área de mais de 844 mil quilômetros quadrados, o que corresponde a 11% do território nacional, a caatinga abriga uma diversidade de espécies ainda pouco conhecidas por grande parte da população, tendo uma riqueza não só de espécies, mas também de cultura.

Ela engloba regiões de clima semiárido dos Estados de Sergipe, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e a parte norte de Minas Gerais. No entanto, destacou o deputado João Daniel, a maioria da população não tem informações suficientes e, consequentemente, não valoriza a caatinga. “Há uma ideia disseminada na sociedade que só existe secura e sofrimento, mas a caatinga é um bioma muito rico e importante para o equilíbrio ambiental”, disse.

O representante da Biodiversidade e Florestas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Semarh), Elísio Marinho Santos Neto, falou sobre a caatinga de Sergipe, bioma que corresponde à metade do estado, e apresenta uma diversidade muito grande. Segundo ele, 42 dos 75 municípios sergipanos estão inseridos total ou parcialmente nesse bioma e aproximadamente 28 deles em processo de desertificação, devido à degradação. Sergipe só possui quatro unidades de conservação da caatinga.

A professora Luciana Rodrigues, coordenadora do Programa de Meio Ambiente da Universidade Tiradentes (Unit), em sua apresentação, procurou desmistificar a ideia que se tem da caatinga como um local inóspito, triste, seco. “A caatinga é vida, tem muita biodiversidade, precisando só que a gente se aproprie, conheça e cuide melhor, independentemente dela estar à vista ou não”, ressaltou. Segundo ela, uma característica da caatinga é o seu alto nível de endemismo, ou seja, que não existem em outros biomas. São 932 espécies registradas, sendo que 380 são endêmicas. E como outros biomas vem sofrendo com as ações antrópicas. Estamos devastando nossos biomas e dependemos deles para viver”, observou, acrescentando que a caatinga tem 46,6% de área desmatada.

Na sua apresentação, o diretor técnico da Empresa de Desenvolvimento Agropecuária de Sergipe (Emdagro), Gismário Ferreira Nobre, “o que temos assistido ao longo dos últimos anos são as secas se aprofundando e se alongando os períodos de estiagem e agora temos vivido um momento político sombrio”, disse. Ele citou a falta de políticas públicas para a população que vive na caatinga e lamentou os cortes de recursos no Orçamento para ações que já existiam para atendimento das pessoas que vivem nesse bioma.

(AP)

Foto: João Marcos Rosa – Conexão Planeta

 

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