A Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (3), um seminário com objetivo de debater as Percepções e Experiências dos Povos Indígenas no Contexto das Mudanças Climáticas. A iniciativa foi do presidente do colegiado, deputado Nilto Tatto (PT-SP). Ele afirmou que as experiências e contribuições que os povos indígenas veem trazendo para o Brasil e o comprometimento com a preservação da biodiversidade e das florestas, mostram que podemos ter esperança. “ Nós encontraremos uma saída. Esses debates são importantes e precisam ganhar mais adesão da sociedade brasileira”, afirmou.
O líder indígena Ailton Krenak explicou que as mudanças do clima estão acontecendo em consequência do aquecimento da terra e estão atingindo diferentes regiões do planeta. “Diversos relatórios de divulgação do painel do clima mostram que a sociedade acredita que os dados são apenas estatísticas o que, na verdade, não é. Trata-se de um indicador real, nós estamos perdendo cada vez mais qualidade de vida e o direito de viver”, afirmou.
Krenak denunciou os diversos ataques que os indígenas estão sofrendo do estado brasileiro. “Em decorrência dos descumprimentos dos princípios da Constituição, que protegem a natureza, a sociedade não está observando a destruição das nossas florestas, o empobrecimento do solo e a liquidação da biodiversidade que estava sendo preservada há mais de 500 anos”, lamentou.
Já o deputado Nilto Tatto lembrou e condenou a CPI do Incra/Funai, que durou quase dois anos e foi utilizada para criminalizar e intimidar as lideranças indígenas. “O resultado dessa CPI foi o indiciamento de mais de 100 pessoas, entre eles técnicos da Funai, do Incra e lideranças indígenas que lutam pela terra e pela reforma agrária. O mais alarmante, é que essa CPI serviu para fazer avançar propostas que vão contra os direitos indígenas, quilombolas e a reforma agrária”, disse.
Para o deputado João Daniel (PT-SE), as grandes corporações querem transformar a terra, a todo custo, em um bem de capital para negócios. “ Nesse plano não existe espaço para os quilombolas, indígenas, posseiros, seringueiros e para homens e mulheres do campo. A bancada ruralista só enxerga as multinacionais e as exportações e tenta impor as suas regras, que nada mais são do que uma violência contra os povos tradicionais ”, criticou.
Layla Andrade