Foto: Salu Parente
O exame para o exercício da medicina no país foi um dos pontos de consenso no debate que ocorreu nesta quarta-feira (15) sobre a contratação de médicos estrangeiros para atuarem no Brasil. Esse foi o entendimento do deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), que preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e coordenou o debate. Ele lembrou que muitas regiões, principalmente no interior do país e periferias, não tem o atendimento médico que supra a necessidade da população.
Pellegrino esclareceu que o objetivo da audiência é encontrar alternativas que superem esse déficit. Ele lembrou a preferência para médicos formados no Brasil, mas defendeu que “os que vierem de outros países para complementar o atendimento, devem ter a qualificação necessária”. De acordo com parlamentar petista, o governo, por meio do Ministério da Saúde, em nenhum momento, cogitou a validação automática dos diplomas desses profissionais. O que o governo quer, explicou, é suprir o gargalo do Sistema Único de Saúde (SUS) provocado pela falta de médicos.
Já o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), presidente da Comissão de Seguridade Social e Família, disse que esse é um debate que precisa estar “despido” de preconceito e de viés ideológico. De acordo com o petista, a Constituição brasileira garante o direito à saúde. “Queremos profissionais decentes, de qualidade, que possam prestar um bom atendimento à população. Não podemos perder de vista que a saúde não tem fronteiras e é um direito do Estado brasileiro”, lembrou.
O representante da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o prefeito do município de Bagé (RS), Dudu Colombo, disse que a entidade vai promover uma campanha nacional com o tema “Cadê o médico?”. Segundo ele, essa é uma pergunta recorrente que eles ouvem cotidianamente por ser uma reivindicação do conjunto da população.
Em seu relato, o representante do Ministério da Saúde, Felipe Proenço, esclareceu que com a instituição do Programa Saúde da Família foram criadas mais vagas de primeiro emprego para médicos. Além disso, houve aumento do salário real em 60%, nos últimos dez anos, para o profissional da saúde que trabalha predominantemente no setor público. Ele explicou que existem 30 mil equipes que atendem o Programa Saúde da Família , no entanto, cerca de 6 mil equipes carecem de médicos.
A presidente do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro de Souza, afirmou que para melhorar a qualidade da saúde prestada à população, “só médico não faz milagre”. Ela defendeu a necessidade de se pensar em uma equipe multidisciplinar, formada por outros profissionais da área de saúde.
O presidente da Associação Médica Brasileira, Florentino Cardoso, criticou a eventual contratação de médicos formados em Cuba. Cardoso disse que “o Brasil quer trazer a escória”.
Benildes Rodrigues