CUT e DIEESE mostram efeitos destrutivos da operação Lava Jato

Nesta terça-feira (16), às 14h, Sérgio Nobre apresentará o estudo, ao movimento sindical e à mídia, em evento virtual ao vivo nas redes sociais e canal de Youtube da CUT nacional. A live, que seria feita na semana passada, foi adiada por causa da coletiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve suas condenações anuladas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin e, assim, voltou a ser elegível.

“Nosso objetivo é garantir a criação de instrumentos e leis para impedir que a destruição causada pela Lava Jato se repita no Brasil”. A afirmação é do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, e revela a importância do estudo inédito da Central, elaborado pelo Dieese, sobre os estragos provocados na economia pela operação de Curitiba, deflagrada em 2014 e dissolvida em fevereiro deste ano.

O levantamento da CUT-DIEESE revela que a Lava Jato fez o Brasil perder R$ 172,2 bilhões em investimentos e destruiu 4,4 milhões de empregos. O setor mais afetado foi a construção civil, que perdeu 1,1 milhão de postos de trabalho.

A destruição no mercado de trabalho foi tão extensa que atingiu até categorias de setores fora das cadeias produtivas mais atingidas (construção e petróleo), como a educação privada, com 106,5 mil vagas perdidas.

Queda de investimentos e empregos

Os R$ 172,2 bilhões que deixaram de ser investidos no País equivalem a 40 vezes os R$ 4,3 bilhões que a Lava Jato informa, segundo o Ministério Público Federal, ter recuperado aos cofres públicos.

Mostra também que, além de cair como uma bomba sobre a construção civil, a Lava Jato provocou crise sem precedentes no setor de petróleo e gás, fragilizando a Petrobras, um dos principais indutores de investimentos no país.

O estrago causado pela Lava Jato vai além. Segundo o estudo, em consequência dos R$ 172,2 bilhões de investimentos a menos na economia, os cofres públicos deixaram de arrecadar R$ 47,4 bilhões em impostos, sendo R$ 20,3 bilhões em contribuições sobre a folha de salários. A perda em relação à massa salarial foi de R$ 85,8 bilhões.

Toda destruição somada, levou ao aprofundamento da crise econômica e a um tombo ainda maior do PIB. Caso os R$ 172,2 bilhões tivessem sido investidos na economia haveria um acréscimo positivo de 3,6% no PIB do período, que foi negativo.

Para chegar a esses números, o estudo consumiu mais de um ano de pesquisas e análises de contratos, documentos oficiais, relatórios, monitoramento de publicações na mídia e modelamento econométrico, tendo como referência a matriz-insumo-produto. O levantamento utilizou dados oficiais e nacionais de 67 setores da economia. A integra do estudo será publicada em livro a ser lançado no final de abril.

Destruição intencional

Segundo Sérgio Nobre, estudo foi realizado porque a maior central sindical do país, por defender o emprego, tinha de apurar o impacto da Lava Jato no mercado de trabalho e na economia. “Desde o início da Operação, lá em 2014, alertamos que a Lava Jato tinha que se concentrar em investigar as denúncias e punir os culpados, sem, com isso, destruir as empresas e, consequentemente, os empregos e a economia”.

A CUT apoia a investigação de casos de corrupção e a punição das responsáveis, mas por conta dos métodos erráticos e sob suspeição de ilegalidade usados pelo comando da Lava Jato, potencializada pela utilização indevida de holofotes na mídia, os danos à classe trabalhadora e à economia foram enormes e poderiam ter sido evitados, segundo o presidente nacional da CUT.

“Em vez de fazer seu papel de investigar, comprovar e punir os responsáveis pela corrupção, a Operação destruiu empresas e empregos ao politizar, partidarizar, agir de forma seletiva e se desviar dos rumos e objetivos das investigações”.

Com isso, a Lava Jato destruiu a imagem das empresas investigadas que, em consequência, quebraram, perderam investimentos e demitiram, gerando efeito dominó nas cadeias produtivas, em especial a da construção civil e a do petróleo e gás. No caso da Petrobras, a Operação serviu também de argumento para a mudança no seu modelo de gestão, que está levando à sua venda fatiada e à ameaça de privatização.

“Por causa da Operação Lava Jato, construtoras e empresas que desenvolviam alta tecnologia e já estavam em processo de internacionalização, realizando obras ao redor do mundo, gerando empregos, foram paralisadas. Isso é um crime”, diz Sérgio Nobre.

O estudo será entregue pela CUT nas mãos dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, de entidades nacionais e internacionais e de organizações representativas da sociedade. “Nosso objetivo é criar instrumentos e leis para impedir que essa destruição causada pela Lava Jato nunca mais se repita no Brasil”, afirma Sérgio Nobre.

Do site da CUT

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