Após 11 meses de manobras protelatórias, num dos processos mais longos da história do Conselho de Ética da Câmara, o plenário cassou por 450 votos favoráveis, 10 contra e 9 abstenções, o mandato do já deputado afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro parlamentar. Com a cassação, Cunha que já é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro, fica inelegível por 11 anos, até 2027.
Para o líder do PT, deputado Afonso Florence (BA), a cassação de Eduardo Cunha é um ato de justiça, pois o método Cunha de fazer política é “nefasto” e deve ser erradicado. “Cunha incitou a violência, patrocinou o golpe de Estado, manobrou o regimento. Mas será cassado porque mentiu na CPI da Petrobras, que foi criada para expor o governo Dilma e o PT”, afirmou.
E Cunha, continuou Florence, usou deste artifício de escolher o PT para combater no momento em que setores da opinião pública tentavam expor o Partido dos Trabalhadores. “Entretanto, hoje, após o impeachment as pesquisas mostram que a sociedade é contra o Temer e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff”, disse.
Afonso Florence reforçou que ficou comprovado que ele (Cunha) mentiu. “Cunha disse que a conta na Suíça não era dele e, sim, do truste. Mas, truste é uma empresa que administra patrimônio e, neste caso, o patrimônio é de Cunha pois a conta era dele. Então, isto é praticar justiça”.
O líder petista reiterou que Eduardo Cunha tentou até o último momento enganar a população brasileira e usar de uma forma “contaminada” de fazer política, coagindo parlamentares para evitar cassação. “Mais uma vez, Eduardo Cunha e parlamentares de alguns partidos tentaram transformar esta votação em quem é contra ou a favor do PT. Na verdade, Cunha é contra o PT porque ele (Cunha) tentou impor uma agenda regressiva com retirada de direitos dos trabalhadores, das mulheres, dos índios, da comunidade LGBT e dos quilombolas”.
Afonso Florence destacou o trabalho dos deputados do PT no Conselho de Ética para a aprovação do parecer pela cassação de Cunha. “Destaco o trabalho dos deputados Leo de Brito (AC), Valmir Prascidelli (SP) e Zé Geraldo (PA), que foram submetidos a uma verdadeira chantagem, todo o Brasil viu a tentativa de Eduardo Cunha de trocar a blindagem do seu mandato pela abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma”.
Gizele Benitz
Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados