Crime sem castigo: 5 anos do desastre ambiental de Mariana

Já virou rotina no Brasil os crimes ambientais sem reparação e punição dos culpados. O rompimento da Barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, no estado de Minas Gerais – que neste dia cinco de novembro completa 5 anos -, é mais um que engrossa a lista dos crimes sem solução e sem castigo. Considerado à época, o mais grave desastre ambiental no campo da mineração no País, a tragédia ceifou 19 vidas e causou danos incalculáveis ao meio ambiente.

Os parlamentares mineiros da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara nominaram os responsáveis por mais esse desastre: “Samarco, Vale e BHP Billiton”.

“O crime da Vale/Samarco/BHP, em Mariana, completa cinco anos. E, até hoje, a reparação de fato não aconteceu. A Vale, além de não ser punida, tornou-se reincidente do mesmo crime, no início de 2019 em Brumadinho”, afirmou o deputado Rogério Correia (PT-MG). Ele se refere ao rompimento da barragem em Brumadinho, no dia 25 de janeiro do ano passado, onde 259 pessoas morreram e 11 continuam desaparecidas.

O deputado relata que mesmo após a tragédia criminosa, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Partido Novo), atua em favor da empresa responsável pela tragédia.

“Mesmo com histórico de crime com reincidência e reparação ineficiente, o governador de Minas faz de tudo para favorecer a Vale. E não há razão lógica para isso. Pelo contrário, é até um desvio ético uma vez que que a Vale é a grande responsável pela tragédia e ainda mais que dobrou o seu lucro chegando a faturar R$ 15 bilhões apenas no terceiro trimestre deste ano”, denunciou Rogério Correia.

Foto: Mídia Ninja

Lucro não vale a vida

O deputado Padre João (PT-MG) além de nominar os culpados, também citou os dejetos tóxicos que comprometeram todo o ecossistema ao longo do Rio Doce, chegando aos municípios de Minas Gerais e Espírito Santo. Para ele, não se pode deixar mais esse crime impune. “A bacia do Rio Doce foi duramente afetada, bem como parte do Oceano Atlântico. Até hoje ninguém foi punido. Uma vergonha”, lamentou.

“Das 95 mil pessoas atingidas em cerca de 40 municípios de Minas e do Espírito Santo, apenas 19 mil recebem algum auxílio. Um descaso com a população que perdeu casas, plantações, animais e suas fontes de renda e de subsistência, como pesca e pequenos garimpos. Isto não pode ficar assim. Queremos justiça. O lucro não vale a vida”, protestou Padre João.

Na opinião da deputada Margarida Salomão (PT-MG), quando empresas colocam o lucro acima da vida humana o resultado é devastador. “A Samarco e a Vale fizeram isso e resultou no rompimento da barragem, que, além da destruição ambiental irreparável, arruinou a vida de centenas de famílias que perderam parentes, suas casas, sua história. Passados cinco anos, as vítimas ainda não foram indenizadas e não puderam reconstruir suas vidas. Espero que esse crime hediondo não fique impune”, afirmou.

Impunidade

Na avaliação do deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), os fatos revelam 5 anos de impunidade desse crime ambiental que ceifou vidas e provocou danos irreparáveis ao meio ambiente.

“Um crime contra a nossa própria existência, contra a nossa cultura, a nossa natureza. Durante todos esses anos a gente luta na Câmara para que as empresas paguem por esse crime. Os atingidos merecem uma vida digna e não vamos parar, enquanto a reparação não for completa”, assegurou o parlamentar.

Calote

As empresas Samarco e a Vale, em todo esse período, continuam lutando na Justiça contra centenas de ações indenizatórias movidas por familiares das vítimas do rompimento da barragem, além de trabalhadores da empresa e moradores das regiões que tiveram a economia afetada pelo crime ambiental.

Segundo o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), cerca de 2 milhões de pessoas foram atingidas, mas apenas 8.537 foram indenizadas por danos gerais e 254 mil indenizadas por desabastecimento de água.

Cinco anos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana – pertencente à Samarco, Vale e BHP – os atingidos seguem sem reparação. Essa é a avaliação de atingidos e figuras públicas das instituições de justiça de toda a Bacia do Rio Doce.

“Nenhum grupo, sejam eles agricultores, lavadeiras, artesãos, pescadores, pequenos comerciantes, foi integralmente indenizado. O ambiente também não foi recuperado. Os reassentamentos das vilas não aconteceram, casas trincadas não foram consertadas e o auxílio para as pessoas que tiveram que deixar de trabalhar foi suspenso em plena pandemia”, criticou Silmara Cristina Goulart, coordenadora da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) para o caso do Rio Doce, em coletiva de imprensa na quinta-feira (29).

Projeção: Mariana, 5 anos de injustiça

Na noite desta quinta-feira (5), das 19h às 2030, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organiza uma projeção nos prédios da Câmara e do Senado, com imagens do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, que hoje completa 5 anos da tragédia.

 

Benildes Rodrigues com informações do Brasil de Fato

 

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