O desmonte criminoso da Petrobras tem sido feito a toque de caixa pelo desgoverno Bolsonaro sem o consentimento do maior interessado no assunto, o povo brasileiro, hoje vítima dos aviltantes preços dos combustíveis cobrados nos postos de todo o país. Apenas no mandato do atual ocupante do Planalto, foram privatizados nada menos do que 62 ativos da empresa, cerca de 67% de um total de 93 vendidos nos últimos nove anos.
As informações constam de um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em associação com a Federação Única dos Petroleiros (FUP). De acordo com a pesquisa, a entrega do patrimônio nacional no governo atual chegou a US$ 33,9 bilhões, em um montante de US$ 59,8 bilhões. Outros 34 ativos estão à venda.
A dilapidação da Petrobras abrange inúmeros setores estratégicos, como a BR Distribuidora, refinarias, campos de petróleo, terminais, gasodutos, termelétricas e usinas eólicas. Para acelerar as vendas, o governo promoveu 74 anúncios de venda, chamados de teasers, entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2022, uma média de dois por mês.
Fatiamento não reduziu dívidas
O levantamento desmonta ainda a tese de que o fatiamento reduziria dívidas da empresa, argumento mentiroso utilizado para patrocinar a farra de lucros de acionistas, em boa parte estrangeiros. “Mesmo com recebimento de mais de R$ 124 bilhões em ativos vendidos, de 2013 a setembro de 2021, segundo relatório de demonstração financeira da empresa, o volume de dívida não diminui na mesma proporção”, aponta o documento produzido pelo Dieese/FUP.
De acordo com as entidades, a Petrobras fechou o ano de 2021 com uma dívida líquida de R$ 265,8 bilhões. “No mesmo ano, a empresa pagou R$ 125,7 bilhões em amortização do principal e juros da dívida, captou R$ 9,6 bilhões (ou seja, adquiriu novas dívidas), e recebeu R$ 25,5 bilhões em ativos vendidos. pagou R$ 125,7 bilhões em amortização do principal e juros da dívida”, destaca a FUP, em seu portal.
Receita em real, dívida em dólar
Ainda segundo a FUP, “o faturamento da empresa acontece em reais, por conta das vendas das refinarias no mercado interno. Ou seja, a dívida é em dólar, mas as receitas são em reais”.
“A venda de ativos da Petrobrás em 2021, no valor de R$ 25,5 bilhões, respondeu por um quarto do lucro da empresa no ano passado”, observa o economista do Dieese Cloviomar Cararine, em depoimento à FUP. “Ou seja, é uma empresa sendo desmontada e transformada em dividendos para acionistas”. Em 2021, a empresa gerou dividendos recordes de R$ 101,4 bilhões para acionistas.
Foi no meu governo que fizemos a capitalização da Petrobrás e a descoberta do pré-sal. E foi também o momento que ela gerou mais empregos e desenvolvimento para o povo brasileiro. A gasolina, o gás e o diesel eram mais baratos. Destruíram isso.
— Lula (@LulaOficial) March 29, 2022
Lula: “Destruíram a BR”
A entrega dos ativos da Petrobras, somada à adoção do sistema de paridade internacional dos preços dos combustíveis, deixa o país enfraquecido, com a população à mercê da volatilidade da economia mundial. O mais grave é que o país é autossuficiente na produção e refino de petróleo mas hoje importa combustíveis e exporta petróleo cru.
“O Brasil, que é autossuficiente em petróleo, o Brasil não tem que exportar óleo cru para comprar derivados, o Brasil precisaria refinar o seu petróleo, exportar o excedente e a gente não ter que estar pagando o preço em dólar”, denunciou o ex-presidente Lula, em entrevista na semana passada. “A gente teria que estar pagando o preço em real”, explicou Lula.
“Esse Brasil hoje não consegue refinar toda a gasolina que nós precisamos, porque o governo parou a refinaria”, definiu Lula. “Esse país hoje destruiu a BR e, por conta disso, tem 392 empresas importando gasolina dos Estados Unidos, da América do Norte, importando em dólar, e precificando em dólar para nós”.
“Abrasileirar preços dos combustíveis”
Lula defende que os preços dos combustíveis sejam “abrasileirados”. Nos governos do PT, solavancos nos preços internacionais do petróleo não eram repassados ao mercado interno. Apesar de o preço do barril ter atingido US$ 146 após a crise de 2008, nos postos o litro da gasolina não passou de R$ 2,60.
No Brasil de Bolsonaro, a alta no preço do gás de cozinha, que hoje ultrapassa R$ 160, colocou em risco a vida da população mais pobre, que passou a se arriscar cozinhando com álcool. Infelizmente, brasileiros morreram em acidentes domésticos.
”No meus oito anos de presidência não teve aumento no preço do gás de cozinha”, exemplificou Lula. “Cadê o preço mais barato que prometeram? Vamos abrasileirar o preço dos combustíveis”, assegurou.
PTNacional, com FUP