Coube ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) dar a boa nova: “a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Metrô vai ser instalada nessa quarta-feira (6), às 15 horas”. O colegiado investigará os indícios de formação de cartel, corrupção de autoridades e outros ilícitos nos contratos, licitações, execução de obras e manutenção de linhas de trens e metrôs no estado de São Paulo e no Distrito Federal, com uso de recursos federais em prejuízo da prestação do serviço público de transporte.
Os senadores petistas Wellignton Dias (PI), Jorge Viana (AC), Humberto Costa (PE) e Gleisi Hoffmann (RS) também cobravam a investigação.
Com as assinaturas de apoio de 220 deputados e 35 senadores, o requerimento de criação da CPMI foi protocolado em 7 de maio, junto à Mesa Diretora do Congresso.O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) ensaiou assinar o documento na frente de fotógrafos diante da cobrança, de seus pares, por coerência e do compromisso de apoiar investigações. Mas era apenas jogo de cena do líder tucano. Após ter assinado, pediu o documento de volta – e riscou seu nome.
Desnudado por uma série de reportagens da revista IstoÉ, o esquema desvio de recursos públicos e pagamentos de propina em São Paulo começou ainda no governo de Mário Covas, mas na área de energia. Depois, uma linha bem mais comprida e permanente se instalou na área de transporte público e se expandiu nos governos de Geraldo Alckmin e José Serra.
A expertise em desvios de recursos faz com que se suspeite de um esquema muito bem articulado. “Há semelhanças principalmente no modo de operação do pagamento de propina por executivos da multinacional francesa Alstom a políticos e pessoas com trânsito no tucanato para obtenção de contratos vantajosos com estatais paulistas. Nos dois casos, os recursos circulavam por meio de uma sofisticada engenharia financeira promovida pelos mesmos lobistas, que usavam offshores, contas bancárias em paraísos fiscais, consultorias de fachadas e fundações para não deixar rastros. A partir dessas constatações, a PF e o MP conseguiram chegar ao topo do esquema”, afirma uma das reportagens de IstoÉ, intitulada “Operação França”.
A combinação de preços entre as empresas que participaram de licitações para obras, fornecimento de carros e manutenção de trens e Metrô de São Paulo também é alvo de investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual.
O cartel é investigado pela Operação Linha Cruzada, feita pelo Cade em conjunto com a Polícia Federal. A investigação teve início a partir de um acordo de leniência da empresa Siemens com o conselho, que permitiu que a empresa denunciasse as ilegalidades. Documentos e cópias de e-mails trocados entre funcionários da Siemens estão sendo analisados pelo Cade e pela Justiça.
PT no senado