FOTO: SALU PARENTE/PT NA CÂMARA
Foi instalada, nesta quarta-feira (6), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar o esquema de corrupção que funcionou no metrô de São Paulo durante quase vinte anos de governos tucanos no estado.
A instalação – “uma conquista”, segundo o deputado Renato Simões (PT-SP) – enfrentou dificuldades por conta da resistência do PSDB. Os tucanos atuaram para inviabilizar a criação da CPMI e, agora, também se movimentaram para barrar o início dos trabalhos do órgão investigativo. O objetivo é apurar o cartel de multinacionais que pode ter desviado, para subornos, mais de 500 milhões de reais, num esquema que só foi descoberto graças à Justiça da Suíça.
Simões lembrou que o PSDB assumiu o governo de São Paulo em 1995, com Mário Covas, e, de lá para cá, a Assembleia Legislativa “foi tolhida” na sua atribuição de fiscalizar o Executivo. “Durante esses quase vinte anos, poucas CPIs funcionaram na Alesp e sempre tuteladas pelo governo. Além disso, os tucanos também assumiram o controle da imprensa e do Ministério Público, de modo que eles se autoconcederam um atestado de idoneidade moral sem nunca terem sido submetidos à prova de uma investigação independente. Por isso a instalação da CPMI é uma conquista tão importante, já que o Congresso Nacional poderá dar uma satisfação à população de São Paulo sobre os atos de corrupção no governo tucano ”, comemorou Renato Simões, que é o nome indicado pelo PT para a relatoria da comissão.
Na avaliação do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que também integra o colegiado, a atuação da bancada tucana nesta quarta-feira, para atrapalhar a instalação da CPMI, tem relação com a presença do governador Geraldo Alckmin em Brasília na véspera. “Não tenho dúvidas de que a visita de Geraldo Alckmin, que deixou o seu estado em plena campanha eleitoral para vir a Brasília, foi para orientar a bancada tucana sobre como agir na CPMI. O resultado dessa visita nós vimos hoje”, avaliou Dr. Rosinha (PT-PR).
Chicanas – A bancada do PSDB e parlamentares aliados dos tucanos tentaram todas as chicanas possíveis para impedir a instalação da CPMI. Primeiro, optaram pela estratégia de evitar quórum para abertura da reunião, presidida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) em função de este ser o parlamentar há mais tempo no Congresso dentre os integrantes da comissão. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), por exemplo, sequer assinou a ata de presença da sessão, embora fosse o tucano mais ativo na tentativa de sabotar o início dos trabalhos da CPMI.
Após a reunião ter alcançado quórum mínimo, os tucanos tentaram assumir a presidência da comissão, em atitude que desrespeito à prerrogativa – informal, mas tradicional e reconhecida por todos os partidos – das maiores bancadas do Congresso indicarem seus nomes para a presidência e a relatoria de CPIs. Para isso, o deputado Fernando Francischini (SDD-PR) serviu de “laranja” e apresentou candidatura à presidência da CPMI. O deputado paranaense, vale lembrar, iniciou a atual legislatura pelo PSDB, mas deixou a legenda para criar o Partido Ecológico Nacional (PEN) e, em 2013, migrou para o recém-criado Solidariedade, que é aliado do PSDB no Paraná.
Renato Simões protestou contra o que chamou de “chicanas de última hora” por parte dos tucanos. “O PT lutou intensamente para que a CPMI fosse criada e instalada e, junto com o PMDB e outros partidos da base aliada, somos o esteio dessa investigação. Por isso não aceitaremos as chicanas do PSDB e de outros partidos que não querem a investigação desse escândalo”, afirmou Simões.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos autores do requerimento que propôs a criação da CPMI, também comemorou a instalação do colegiado. “É fundamental a instalação da CPMI para que possamos desvendar esse grande esquema de corrupção existente no governo de São Paulo há mais de quinze anos e que desviou recursos públicos que deveriam ter sido destinados à melhoria dos serviços do Metrô e da CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos], mas que foram usados para o pagamento de propinas, conforme as próprias empresas envolvidas revelaram. Espero que a CPMI nos ajude a revelar os detalhes desse que foi um dos maiores casos de corrupção da história do Brasil”, declarou Teixeira.
Rogério Tomaz Jr.
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