FOTO: GUSTAVO BEZERRA/PT NA CÂMARA
A ausência do ex-diretor da Petrobras, José Carlos Consenza na CPMI que investiga supostas irregularidades da estatal na compra da refinaria de Pasadena (Texas-EUA), frustrou a oposição nesta quarta-feira (22). Com isso, o palco político montado na véspera da eleição não vingou. Na reunião, sem quórum para votação, o deputado Afonso Florence (PT-BA) apresentou, entre outros, requerimento de convocação para ouvir os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e Álvaro Dias (PR). Aécio é o atual presidente do PSDB e será chamado para esclarecer a denúncia do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa que afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) o pagamento de R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, já falecido.
“A convocação urgente não é só do senhor Consenza, como de outros acusados, para que os respectivos partidos possam defender seus membros”, justificou Florence. Ao usar a palavra na reunião, o deputado Afonso Florence disse que a eles será dada a oportunidade de esclarecer a denúncia do ex-diretor da Petrobras. De acordo com o petista, notícias veiculadas na imprensa revelam que o delator contou ao MPF que Sérgio Guerra havia recebido o montante para “esvaziar” a CPI da Petrobras instalada em 2009. Segundo o delator, a quantia foi usada para abastecer as campanhas do partido em 2010.
“A oitiva do senador Aécio Neves é fundamental para que esta CPMI possa elucidar os atos de corrupção que foram efetivamente praticados; os agentes corruptores; os benificiários e o modus operandi utilizado, ao mesmo tempo em que possibilitará ao depoente defender a agremiação que preside de tais alegações”, diz o requerimento protocolado na CPMI.
Ao defender os motivos que o levaram a pedir a convocação dos tucanos o petista foi enfático: “Nós, do PT, não vamos aqui dizer que, porque tem dois ou três parlamentares do PSDB citados, que todo o PSDB é feito de ladrões. Se o então presidente faleceu (Sérgio Guerra), nós queremos convocar o presidente atual, o senador Aécio Neves para que ele venha na sexta-feira prestar esclarecimento até para isentar os membros do PSDB”. Florence lembrou que denúncias como esta, quando envolvem integrantes do Partido dos Trabalhadores, acabam sendo generalizadas para todo o PT. “Queremos dar oportunidade para o senador vir aqui defender o PSDB”, disse.
Sobre a convocação do senador Álvaro Dias, o documento protocolado justifica que, em 2009, os senadores Sérgio Guerra e Álvaro Dias eram membros do PSDB na CPI da Petrobras e, com a morte de Guerra em março deste ano, “a oitiva do senador Álvaro Dias torna-se imprescindível para que a CPMI elucide tais acusações de corrupção, permitindo, ao mesmo tempo, que apresente um contraponto às ilações daí decorrentes”.
Convocações – Além dos senadores Aécio Neves e Álvaro Dias, o deputado Afonso Florence protocolou requerimento convocando o tesoureiro do PT, Vacari Neto; Renato Duque, diretor da Petrobras e os deputados Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Rodrigo de Castro (PSDB-MG).
Óbito – Afonso Florence rebateu o deputado Fernando Franceschini (SSD-PR) que decretou óbito da CPMI da Petrobras, a partir da ausência do depoente, nesta quarta-feira, última reunião do colegiado antes das eleições. “Temos trabalhado para esclarecer os fatos em curso na investigação para que possamos separar o joio do trigo. Para que possa prevalecer a verdade. Para que possamos isentar o patrimônio do povo brasileiro, a Petrobras, das consequências danosas e atos ilícitos porventura praticados… Portanto, se depender do PT a CPMI não morre hoje”, asseverou Afonso Florence.
Benildes Rodrigues