A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI), criada para investigar supostas irregularidades envolvendo as empresas JBS e J&F em operações realizadas com o governo, ocorridas entre os anos de 2007 a 2016, ouviu nesta quarta-feira (25) o ex-presidente da Caixa Econômica Federal nas gestões de Lula e Dilma, Jorge Hereda.
Durante toda a manhã e começo da tarde, Hereda falou de sua gestão à frente da CEF e dos contratos firmados entre a entidade pública e as empresas ligadas aos irmãos Joesley e Wesley Batista. Ao responder indagações de deputados e senadores governistas sobre possíveis contratos irregulares denunciados pela imprensa e de responsabilidade do então vice-presidente, Geddel de Oliveira, preso pela operação Lava Jato, Hereda afirmou taxativamente que nunca houve qualquer irregularidade em contratos executados pela CEF e que se isso aconteceu desvio foi da “porta da Caixa para fora”.
Segundo ele, a estrutura da Caixa garante transparência e total garantia em seus contratos e que, no caso das operações com a empresa JBS, tudo foi feito de forma lícita e garantiu lucros para o banco público.
Para os deputados petistas Paulo Pimenta (RS) e Wadih Damous (RJ), membros da comissão, os governistas tentaram o tempo todo transformar a audiência em interrogatório, mas o depoimento de Hereda foi extremamente esclarecedor e demonstrou que quando ele esteve à frente da CEF jamais participou de qualquer ato de irregularidade.
Paulo Pimenta disse ainda que nada põe em dúvida a retidão de Jorge Hereda na presidência da entidade. “Ele sequer foi ouvido pela Polícia Federal e jamais foi chamado para depor. Isso mostra que esse tipo de irregularidade não aconteceu lá e o que se tem que investigar é o esquema criminoso do ex-deputado Eduardo Cunha, do Flavio Clero e do Moreira Franco. Espero que a CPI tenha coragem de investigar os verdadeiros responsáveis pelo desvio de recursos dessas empresas que foram feitos da porta para fora da CEF, como disse Hereda”, afirmou Pimenta.
Já o deputado Damous afirmou que “o esquema de irregularidades na relação da JBS e da CEF e as falcatruas cometidas por Geddel Vieira, Cleto, Funaro, não foram detectados nos controles internos e nem tampouco pelos controles externos como o Tribunal de Contas da União (TCU)”. Damous disse ainda que o fato mostra que, ao invés de alguns deputados da CMPI se comportarem como delegados de polícia, eles deveriam apreender essas informações porque os controles internos falharam.
Para o deputado, é preciso aperfeiçoar esses mecanismos de controle nas empresas públicas como a Caixa e BNDES. O deputado petista salienta que esse é o papel da CPMI, o de propor mecanismos de controle, o que foi reforçado na fala do depoente Jorge Hereda.
José Mello
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