Os deputados Wadih Damous (PT-RJ) e Paulo Pimenta (PT-RJ) conseguiram aprovar na manhã desta quarta-feira (8) a data para que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a JBS ouça em depoimento o advogado Rodrigo Tacla Duran. Por meio de videoconferência, a CPMI ouvirá Duran, que se encontra na Espanha, no próximo dia 30.
O requerimento que sugeriu o depoimento foi apresentado pelos deputados Paulo Pimenta e Wadih Damous que chegaram a se encontrar com Tacla Duran naquele país, onde ele confirmou todas as denúncias que havia feito sobre a Lava Jato.
Segundo os parlamentares, o advogado relatou que sua família foi ameaçada para forçar uma delação e revelou ter sido procurado por um amigo do juiz Sergio Moro, Carlos Zucolotto Jr, que ofereceu intermediar um acordo e conseguir benefícios como redução de multa e pena.
A denúncia de Tacla Duran envolvendo o advogado Carlos Zucolotto Jr, que também é padrinho de casamento de Moro, era de que haveria diminuição da multa e da pena, em um acordo de delação premiada, em troca de um pagamento que seria feito pelo caixa 2 para acertos com membros da Lava Jato.
Acusado de lavagem de dinheiro na Lava Jato, Tacla Duran, por meio de seu escritório, efetuou pagamentos ao escritório de advocacia trabalhista de Rosângela Moro, esposa do juiz de Curitiba, de acordo com um relatório da Receita Federal.
“O depoimento de Tacla Duran na CPMI da JBS pode esclarecer muita coisa do sistema de acordos de delação premiada entre investigados e a força-tarefa da Lava Jato, além da produção de provas presentes nos processos da investigação”, afirma Pimenta.
A 12ª audiência da CPMI, realizada nesta quarta-feira, em conjunto com a CPI do BNDES, tinha como objetivo ouvir o empresário Wesley Batista, que se manteve calado por orientação de seus advogados.
Mesmo não respondendo aos parlamentares, Wesley leu uma carta em que dizia: “acredito que estamos vivendo um imenso retrocesso daquilo que eu esperava ser um profundo processo de transformação do nosso país. O que vejo, neste momento, são colaboradores sendo punidos, perseguidos pelas verdades que disseram. As delações dos últimos anos fizeram o país se olhar no espelho, mas, como ele não gostou do que viu, o resultado é este: colaboradores presos e delatados soltos”, declarou o empresário.
Para os petistas Damous e Pimenta, a audiência possibilitou aos brasileiros perceberem que ao fazerem as delações à Lava Jato, os delatores contam só uma parte da verdade e conseguem benefícios. Isto demonstra uma estratégia. Damous disse ainda que “é preciso repensar o direito à delação, que se tornou um balcão de negócios”.
José Mello