Em Minas Gerais, no ano de 2011, foram assassinados 1.215 jovens brancos, enquanto que entre os jovens negros foram 2.885 homicídios, mais que o dobro. Os dados, preocupantes, são do “Mapa da Violência 2013 – Homicídio e Juventude no Brasil”. A violência contra jovens negros e pobres será tema de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), às 13h30. A iniciativa é da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Câmara dos Deputados, que investiga as causas, consequências, custos sociais e econômicos da violência, morte e desaparecimento de jovens negros e pobres, em parceria com a Comissão de Direitos Humanos da ALMG. A CPI também realizará diligência no Bairro Alto Vera Cruz, considerado o mais violento de Belo Horizonte.
Os eventos acontecem na segunda-feira (8), e irão reunir autoridades federais, estaduais e municipais, pesquisadores e estudiosos do tema, representantes de movimentos sociais e parentes de vítimas da violência. “Precisamos dar visibilidade a um quadro que ainda é completamente desconhecido da sociedade brasileira. Os indicadores da violência contra jovens negros e pobres são estarrecedores”, explicou o presidente da CPI, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG).
Em Belo Horizonte, em 2010, foram 653 homicídios de negros contra 189 brancos. Ou seja, para cada pessoa branca que morre assassinada na capital mineira, 3,5 negros são vítimas de homicídio. A taxa de assassinatos por 100 mil habitantes é de 52,5 para negros e 17,2 para brancos, como mostrou o “Mapa da Violência 2012: A cor dos homicídios no Brasil”. “Nos últimos 12 anos tivemos uma redução de 30% nos homicídios de pessoas brancas no Brasil e, neste mesmo período, houve um aumento de 38,5% nos homicídios de negros, especialmente jovens e pobres”, relatou Lopes.
De acordo com o presidente da CPI, a comissão está examinando a estrutura criminal no país, o modelo de policiamento, mapeando as condições sociais, como é a vida dos jovens que vivem sob risco nas comunidades pobres e o que pode ser feito por eles. “A CPI procura respostas para toda esta tragédia e ambiciona apresentar um plano estratégico decenal para a redução dos homicídios, com foco nas questões mais cruciais e que serão melhor conhecidas com o nosso trabalho. Podemos dizer que está havendo um genocídio no Brasil, um genocídio de jovens negros e pobres. E quem diz isso são os indicadores”, afirmou.
Minas Gerais será o quinto estado a receber a comitiva da CPI que já passou pelo Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas e Espírito Santo. A xomissão foi criada em março de 2015 e tem 120 dias para concluir os trabalhos.
Assessoria Parlamentar