A CPI da Covid ouve nesta quarta-feira (22) o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior. A oitiva teria sido realizada na quinta-feira da semana passada, mas os advogados do depoente alegaram que ele não teve tempo hábil para se programar. Ele obteve um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe garante o direito de permanecer calado quanto a temas que possam incriminá-lo. A operadora de saúde é acusada de pressionar médicos conveniados para usar pacientes como cobaias humanas na prescrição do chamado “kit covid”.
Os pacientes teriam participado involuntariamente de um “estudo” para testar a eficácia da hidroxicloroquina e azitromicina no tratamento da doença. A empresa teria ocultado nove mortes entre esses pacientes. O “estudo” teria ainda sido apoiado por Jair Bolsonaro e pelos filhos Flávio e Eduardo.
Kit covid
Pacientes da operadora também teriam sido assediados para aceitar o tratamento precoce. Segundo denúncia da GloboNews, um deles sequer tinha a covid, mas chegou a receber em casa – enviado por um motoboy – remédios do “kit covid”. O paciente, idoso, morreu. A Prevent Senior já é considerada pivô do maior escândalo investigado pela CPI.
De acordo com o senador Humberto Costa (PT-PE), que levou o caso ao colegiado, vários usuários da operadora têm procurado os membros da CPI para denunciar a política. Sem fazer referência ao nome do denunciante, o senador cita no requerimento em que convoca o depoente uma mensagem com essa denúncia.
Assédio a paciente
“Minha companheira testou positivo ontem e ao passar pela consulta o médico disse que era protocolo da empresa oferecer o kit. Ela recusou. Mais tarde, em casa, recebeu um telefonema de um funcionário insistindo em que ela aceitasse tomar o kit com cloroquina, porque era o único remédio para isso, e que se a doença ficasse pior, não tinha o que fazer, a não ser entubar”, diz mensagem.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, e Humberto Costa defendem que a comissão ouça os médicos denunciantes em reunião reservada, se necessário.
Barraco e machismo
Nesta terça-feira (21), a oitiva do ministro Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União (CGU), terminou em tumulto. Após a senadora Simone Tebet (MDB-MS) confrontar o depoente com dados e documentos que apontam para prevaricação, Rosário apelou para o machismo contra a parlamentar. “A senhora está totalmente descontrolada”, disse, mas não desmentiu os documentos.
Houve reação generalizada de vários senadores contra o depoente, que se comportou como um bolsonarista, e não um agente de Estado. Para a senadora, seu objetivo foi atingido. “O mais importante, consegui extrair do ministro”, disse Simone.
Rede Brasil Atual com informações da Agência Senado