CPI identifica crimes de bolsonarista financiador de fake news

Foto: Agência Senado

À medida que avançam as investigações, os senadores da CPI da Covid descobrem mais tentáculos bolsonaristas por trás da tragédia que ceifou a vida de quase 600 mil brasileiros. Uma das mais poderosas engrenagens em operação nesta pandemia, a indústria das fake news, esteve no centro da oitiva desta quinta-feira (30). Os parlamentares ouviram o empresário Otávio Oscar Fakhoury, que é alvo do inquérito das fake news conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). Amigo de Jair Bolsonaro, e associado ao “Gabinete do ódio”, Fakhoury é apontado como o principal financiador de canais como o Instituto Força Brasil, do qual é vice-presidente, Terça Livre e Brasil Paralelo. Os três, a exemplo do nome deste último, repleto de mentiras e teorias amalucadas contra a saúde pública e a vida.

Durante a pandemia, os canais apoiados pelo empresário transformaram-se em uma poderosa rede de informações falsas e de propaganda contra o uso de máscaras, o isolamento social e as vacinas. E também uma fonte lucrativa de negócios para fabricantes de drogas que compõem o ‘kit covid’, que não possuem eficácia contra a covid-19.

O desserviço ao país não parou por aí. O Força Brasil também intermediou negociação de vacinas inexistentes contra a covid-19 com o Ministério da Saúde. O negócio, que foi interrompido após denúncias de um esquema de corrupção no governo, previa a compra de 400 milhões de doses da AstraZeneca, por meio da empresa Davati Medical Supply. O caso, que ficou conhecido como “golpe das vacinas“, envolve o ex-diretor de Logística da Saúde, Roberto Dias, acusado de pedir propina de U$ 1 por dose. O empresário negou envolvimento na empreitada e até mesmo as operações do seu instituto.

Ataque às vacinas e à CPI

Do mesmo modo que Luciano Hang, o empresário afrontou os senadores ao criticar o uso de máscaras e defender o tratamento precoce, tudo em nome da “liberdade de opinião”. E, assim como o chamado “veio da Havan”, admitiu que não se vacinou. Ele tentou desqualificar a vacina Coronavac e foi desmentido pela própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que enviou comunicado à comissão. “A posição que acabou de chegar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária: todas as vacinas passaram pela fase de teste 1, 2 e 3”, informou o senador Randolfe Rodrigues.

Por seus ataques a integrantes da CPI, o empresário terá de enfrentar novas denúncias no âmbito do inquérito das fake news. A mais grave agressão, um ataque de cunho homofóbico, foi dirigido ao senador Fabiano Contarato (Rede-AP). A denúncia foi encaminhada à Polícia Legislativa, que irá investigar crime de homofobia.

Crimes

Fakhoury foi advertido ainda sobre outros inúmeros crimes pelos quais terá de responder na Justiça, como perigo para a vida, epidemia e propaganda enganosa. “Ele veio aqui, defendeu suas ideias como uma especie de mártir do bolsonarismo. Só que, na verdade, ele confessou uma série de crimes”, apontou o senador Humberto Costa.

“Já ficou claro que ele financia sites, plataformas, influenciadores digitais, ele declinou que faz”, afirmou Costa. Em seguida, o senador apresentou uma série de reportagens de cunho negacionista associadas às redes do empresário, além de suas campanhas contra o Estado de Direito e a democracia e a favor da imunidade de rebanho.

“Estimulados pelo presidente Bolsonaro, eles acham que vão ficar impunes”, observou Costa. “Eu queria lembrar ao nobre depoente que o deputado Daniel Silveira, que tinha imunidade parlamentar, que usou o mesmo argumento de liberdade de expressão, está preso, assim como Roberto Jefferson, por atentar contra a liberdade e a democracia no Brasil”, advertiu o senador.

Destruição do Brasil

“Vossa Senhoria está se arriscando bastante”, alertou o senador .“Vossa Senhoria é um empresário de sucesso, mas está associado a um projeto que está destruindo o Brasil, que nos colocou numa tragédia com 596 mil pessoas mortas. Hoje, no Brasil, o que nós vemos é desemprego, inflação para o pobre, fome, gente correndo atrás de osso jogado fora por supermercado, é esse o governo que o senhor ajudou a construir”, denunciou o senador.

O empresário também foi interpelado por dar ajuda financeira à campanha de Jair Bolsonaro à Presidência, em 2018. Aos senadores, Fakhoury disse que bancou a impressão de material de campanha, mas que seria destinado para grupos “independentes”. O financiamento é alvo de inquérito no STF. A suspeita é que itens de propaganda foram impressos sem declaração à Justiça Eleitoral.

Por PT Nacional

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