CPI do BNDES: petistas não aceitam votar relatório que criminaliza sem provas o banco e o PT

Os deputados petistas Pedro Uczai (SC), Margarida Salomão (MG) e Alencar Santana Braga (SP), membros da CPI do BNDES, afirmaram que não aceitam votar o relatório do deputado Altineu Cortes (PP-RJ) que criminaliza o BNDES e indicia pessoas inocentes, motivado apenas por perseguição política. Nesta quinta-feira (17), o PT e outros partidos de Oposição obstruíram mais uma tentativa do presidente Vanderlei Macris (PSDB-SP) de colocar o relatório em votação. Por causa do início da Ordem do Dia no plenário da Câmara, a reunião teve que ser encerrada. Outra reunião foi marcada pelo presidente para a próxima segunda-feira (21), as 15h. O prazo final de funcionamento da CPI termina na terça-feira (22).

Devido à falta de quórum na CPI, a reunião começou com uma hora e 30 minutos de atraso. O horário inicial havia sido marcado para às 8h30. Logo no início, os deputados Pedro Uczai (PT-SC) e Glauber Braga (PSOL-RJ) começaram o processo de obstrução pedindo a leitura da Ata da reunião anterior. Porém, durante a leitura a Ordem do Dia no plenário começou. Apesar da advertência dos deputados da Oposição, de que o regimento interno da Casa impede a continuidade da reunião nesse caso, o presidente da CPI ordenou a leitura da Ata até o final, para então encerra a sessão.

O deputado Pedro Uczai reafirmou que o PT e os partidos de Oposição vã continuar obstruindo a votação do relatório porque o texto criminaliza o BNDES e pessoas sem qualquer prova.

“Hoje não tem como a Oposição votar a favor do relatório do Altineu Cortes porque ele não consegue trazer uma prova sequer do envolvimento do BNDES ou de seus funcionários em qualquer pratica ilícita. Olhando todos os contratos internacionais (do BNDES) todos deram lucro. O presidente do BNDES na época do governo Temer, Paulo Rabello de Castro, fez auditorias e não constatou nenhuma irregularidade nos empréstimos do BNDES. E agora outra auditoria foi feita, e também não identificaram sequer um funcionário (do banco) envolvido em corrupção. Ou seja, essa caixa preta do BNDES não existe”, afirmou.

O deputado ainda disse que o relatório serve apenas como instrumento de luta política para tentar desgastar a instituição e pessoas ligadas ao PT. Segundo ele, o relatório mistura crimes cometidos por dirigentes da JBS com os recursos obtidos pela empresa por empréstimos, tentando assim criar condições fictícias para condenar o BNDES e pessoas ligadas ao governo na época.

“Não estamos isentando se houve corrupção da JBS ou da J&F, mas nesse caso se a JBS montou empresa fantasma para valorizar suas ações e fazer negociação no mercado, como é que algum servidor do BNDES saberia, se nem mesmo o mercado financeiro soube? Então tem que condenar a pessoa da empresa que fez isso. Agora, condenar o BNDES por isso, a sociedade não aceita”, afirmou.

Na avaliação do deputado Uczai, o relatório da CPI está eivado de maldades. “Por isso, queremos retirar nomes (de indiciados) que não tem nada a ver com a JBS, mas que estão lá apenas porque foram ministros, como Pepe Vargas, Miriam Belchior e Celso Amorim. Isso é uma injustiça, porque quando eles põem os nomes (no relatório) eles destroem a imagem, a história e a biografia. Nós não vamos aceitar esse relatório da forma como está”, reforçou Pedro Uczai.

Cortina de fumaça

Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), a tentativa de se aprovar um relatório que criminaliza pessoas ligadas ao BNDES e ao PT, faz parte da estratégia de criar uma “cortina de fumaça” para reduzir os danos da crise enfrentada pelo governo Bolsonaro e outros partidos políticos.

“Há uma desorganização política muito grande de parte do setor que gostaria de transformar essa investigação em uma criminalização do BNDES e do PT. Está claro que hoje há na Câmara uma crise política do lado do governo e dos que o apoiam, e essa crise se reflete aqui. Por isso eles vem desde terça (15) se esforçando para levar adiante a análise do relatório, mas não tem tido êxito. Daí a irritação do presidente (Vanderlei) Macris”, explicou a parlamentar.

O deputado Alencar Santana Braga também participou do processo de obstrução contra a votação do relatório.

 

Héber Carvalho

Foto: Gabriel Paiva

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