Os deputados petistas Alencar Santana Braga (SP), Margarida Salomão (MG) e Pedro Uczai (SC) afirmaram nesta segunda-feira (21) que o relatório da CPI do BNDES, do deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), apesar de retirar os nomes de Lula e Dilma, ainda indicia sem provas outras pessoas sem ligação com o banco e criminaliza a própria instituição sem justificativa. Na reunião de hoje o presidente da CPI, deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), tentou colocar o texto em votação, mas diante da falta de quórum convocou uma nova reunião para esta terça-feira (22). Parlamentares do PSL, do PSDB e outros confessadamente contrários ao PT tentam reincluir entre os indiciados os nomes de Lula e Dilma, já retirados pelo relator.
Para o deputado Alencar Santana Braga, está claro que uma parcela da CPI quer aprovar um texto com nítida perseguição política. “Eles não produziram prova na CPI, e ainda persiste uma tropa do Bolsonaro e do PSDB com ódio mortal do presidente Lula e da presidenta Dilma, que querem a todo custo indiciá-los, sem embasamento nenhum, simplesmente por vontade política”, criticou.
Segundo Alencar Santana, essa tentativa tem se mostrado difícil porque alguns parlamentares, mesmo não sendo de esquerda, já perceberem que não há elementos que justifiquem essa perseguição. “Por isso eles não conseguem encontrar, nem entre eles, uma maioria para aprovar esse relatório”, observou.
Na mesma linha, a deputada Margarida Salomão disse que a tentativa de reincluir no relatório os nomes de Lula e Dilma ocorre por simples questão ideológica. “Essa questão se tornou uma questão dogmática, de convicção, como se isso fosse prova. O fato de alguns dizerem que tem certeza do que supostamente aconteceu é insuficiente, porque isso aqui é uma CPI, é necessário que se produza prova (para indiciar). Por isso, há divisão de opiniões, que podem levar a não votação do relatório ”, alertou.
Já o deputado Pedro Uczai observa que a CPI tem invertido os valores ao indiciar pessoas sem provas, obrigando as pessoas provarem sua inocência. “A lei diz que você é inocente até que se prove o contrário, e não que você é culpado até que você prove a sua inocência. Estão invertendo os valores, e essa inversão que está dando essa polêmica”, explicou.
O deputado catarinense disse ainda que a bancada petista está aberta ao diálogo para tentar evitar que a CPI acabe sem relatório final, mas adiantou que esse acordo passa pela retirada de outros indiciados sobre os quais não existem provas de cometimento de crime.
“Apesar de sermos contrários ao relatório do deputado Altineu, estamos abertos ao diálogo com os deputados sensatos, não com os ideológicos de extrema-direita que partem do princípio que tem que culpar quem é de esquerda. Porém, ainda existem nomes no relatório que precisam ser retirados, como o de diretores do BNDES, porque não conseguiram produzir uma prova sequer de R$ 10,00 desviados, além de outros nomes de pessoas indiciadas sem nenhuma comprovação de mal feito, destruindo a biografias e a trajetória de pessoas decentes”, afirmou Pedro Uczai.
Objetivo oculto da CPI
Ainda de acordo com o deputado Uczai, o objetivo oculto da CPI é desgastar a imagem do BNDES para depois privatiza-lo. “O livro verde (balanço da atuação do banco entre 2001 e 2016) produzido pelo ex-presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, durante o governo Temer, demonstrou toda seriedade das decisões da instituição. O que eles querem é criminalizar o BNDES para privatizar, aliás, os jornais já estão falando que é preciso acelerar a venda a venda de ativos do BNDES junto ao Banco do Brasil, Petrobras e outros. Ou seja, querem destruir os bancos públicos como a Lava Jato fez com as empresas nacionais de engenharia, óleo e gás”, revelou.
A reunião convocada pelo presidente da CPI, para tentar votar o relatório, está marcada para as 9h30, no plenário 9 da Câmara.
Héber Carvalho