O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), qualificou hoje (22) como “fajuto” o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou supostas irregularidades no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo ele, o texto “é um conjunto de absurdos”, já que não apresentou qualquer nova evidência quanto a possíveis ilegalidades nas operações do banco que pudessem incriminar qualquer dos injustamente citados.
Por absoluta falta de provas, a CPI não indiciou ninguém, mas na peça construída pelo relator, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), sugeriu-se o indiciamento dos ex-ministros Celso Amorim, Miriam Belchior, Pepe Vargas e Antônio Patriota, e do ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.
Peça de ficção
Segundo Pimenta, o relatório da CPI serviu apenas para “manchar a honra de pessoas honestas”, uma vez que os ex-ministros entraram no texto apenas porque participaram da Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão apontado sem provas pelo relator como palco de supostas irregularidades, sem apresentar nenhuma prova. No total, a CPI sugeriu o indiciamento de 54 pessoas, decisão que caberá ao Ministério Público avaliar.
A Bancada do PT tentou retirar do texto a sugestão de indiciamento de ex-ministros e diretores do BNDES que participaram dos governos petistas, mas não foi possível devido a um acordo não honrado pelo relator, que antes da votação havia se comprometido com a retirada dos nomes.
O deputado Pedro Uczai (PT-SC), coordenador da bancada no colegiado, lamentou a inclusão no texto de autoridades públicas criminalizadas apenas por terem ligações com o PT. “Eles não conseguiram o ‘espetáculo’ de indiciar o ex-presidente Lula e a ex-presidenta Dilma, mas infelizmente foram deixados no relatório ex-ministros e diretores do BNDES, contra quem não existe nenhuma prova ou mesmo evidência de prática de crime”, afirmou.
Criminalização política
O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) destacou que o objetivo da CPI sempre foi criminalizar o Partido dos Trabalhadores. “Aqui existe uma sanha irracional para tentar condenar Lula e Dilma, que é a mesma usada para justificar o golpe de 2016”, ressaltou.
O parlamentar paulista lembrou ainda que o ‘Livro Verde’ do BNDES (balanço da atuação do banco entre 2001 e 2016), realizado durante a gestão de Paulo Rabelo de Castro – presidente da instituição durante o governo Temer – “atesta a lisura de todas as operações realizadas pelo banco no período”.
Relatório absurdo
A deputada Margarida Salomão (PT-MG) disse que as sugestões de indiciamentos são um completo absurdo. “Essas pessoas têm reputação ilibada, e estão sendo acusadas apenas porque participaram de um colegiado, contra o qual também este relatório não apresenta nenhum ilícito”, ressaltou.
O deputado Jorge Solla (PT-BA) também lamentou a permanência dos nomes no relatório final. Ao defender o destaque que retirava do relatório nomes como o do ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho, Solla desafiou os deputados antipetistas da CPI a apresentarem alguma prova.
“Gostaria de me dirigir àqueles que dizem ter provas para sugerir o indiciamento, para dizer que apresentem uma prova sequer que eu voto a favor. O que eu não posso é compactuar com esse faz de conta de querer criminalizar uma pessoa apenas porque trabalhou nos governos do PT. Enquanto isso, vocês defendem não criminalizar o Queiroz, as milícias, a entrega do pré-sal. Vocês agem apenas pelo interesse político partidário”, acusou Solla.
Héber Carvalho