Covid: Recorde em número de mortes por dia revela a letalidade de Bolsonaro no trato da doença

Dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgados neste domingo (28) revelam que o Brasil bate novo recorde em números de mortes e casos provocados pela Covid-19 desde o início da pandemia no País. Segundo o Conass, nas últimas 24 horas foram registrados 721 óbitos e 24.027 casos da doença.

O conselho aponta também que o Brasil chegou ao seu pior índice por média móvel de mortes por Covid-19, com 1.205 óbitos por dia. Na semana entre 21 e 27 de fevereiro foi a que mais registrou mortes pelo coronavirus, atingindo a triste marca de 8.244 óbitos. Em número de casos, a média móvel semanal de mortes é de 54.726 casos. No total, o País acumula 10.551.259 casos, com 254.942 mortes.

Os dados do Conass fazem um alerta ao revelar também que o Brasil está em curva ascendente de letalidade causada pela pandemia, quando registra média móvel acima de mil mortos desde 21 de janeiro.

“A conta da irresponsabilidade chegou. Enquanto o mundo abriu serviços de saúde, fechou as cidades e acelerou a vacinação, o Brasil fechou leitos, abriu as cidades e criou obstáculos para a vacina”, criticou deputado e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP).

Recentemente, Padilha afirmou que a irresponsabilidade de Bolsonaro não tem limites, e que o Brasil poderia viver “um março aterrorizador” caso o País não adote medidas mais rígidas de distanciamento social e para acelerar a vacinação, ações fundamentais para evitar a escalada de casos de infecções e mortes pela Covid-19.

Comissão Nacional de crise

Para barrar a sanha genocida do presidente da República, Jair Bolsonaro, o deputado que é membro da Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19 no Brasil, na Câmara dos Deputados, defende a união das instituições que atuam e defendem a vida como valor universal.

Ex-ministrro Alexandre Padilha

Foto: Maryanna Oliveira, Agência Câmara

“Eu defendo que a gente constitua uma Comissão Nacional de Crise, um comitê de especialistas envolvendo o Congresso Nacional, o judiciário, os governadores, as lideranças dos prefeitos, para conduzirem as ações neste momento dramático da pandemia”, argumentou. Padilha reforçou a importância da presença do judiciário nessa comissão. “Tem que ter representantes do Conselho Nacional de Justiça, do Conselho Nacional do Ministério Público, porque precisa ter um alinhamento nacional do judiciário e do Ministério Público”, completou.

Defensor ferrenho de ações concretas para impedir proliferação e morte pelo coronavírus, Alexandre Padilha também defende que o Congresso Nacional pressione o governo Bolsonaro para adquirir rapidamente as vacinas já fabricadas pelo mundo.  Defende ainda que o Parlamento dê o exemplo, impedindo o retorno de suas atividades presenciais.

O deputado Jorge Solla (PT-BA) também defende a unidade entre os poderes para enfrentar o alastramento da Covid-19 no País. “Se Bolsonaro decidiu não agir, é obrigação dos demais poderes da República se reunirem num gabinete de crise. Judiciário, Congresso, governos e prefeituras precisam ter coordenação em suas ações, não podemos pecar pela omissão. Cada dia que se ganha numa decisão tomada dentro de seu tempo são milhares de vida que são preservadas”.

Um ano de abandono

Para o deputado Jorge Solla – que também é membro da Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19 no Brasil – a ausência de ação de Bolsonaro para frear o avanço da Covid, é inaceitável.  “É inconcebível que, no pior momento da pandemia desde que ela começou, há um ano, o governo federal tenha desmontado todas as medidas que adotamos para mitigar os efeitos das medidas de restrição na economia, garantir comida na mesa de todos os trabalhadores, e garantir recursos para o custeio da expansão emergencial de leitos clínicos e de UTI”, lamentou.

Segundo Solla, o presidente da República, Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, tratam a pandemia como se ela não existisse mais. De acordo com o parlamentar, para Bolsonaro e Guedes, “a pandemia terminou quando virou o ano”.

“Acabou auxílio emergencial, acabou o orçamento de guerra, que permitia gastos acima do teto para enfrentar a pandemia, acabou as medidas de proteção ao emprego, tão fundamentais para que milhares de empresas no País permanecessem abertas”.

Foto: Gabriel Paiva

Lockdown nacional

Diversos especialistas vêm ressaltando a necessidade de se discutir um lockdown nacional para frear a circulação do coronavírus. Entre eles, o ex-presidente do comitê científico do Consórcio do Nordeste, Miguel Nicolelis.

Em entrevista à CNN Brasil neste domingo (28), ele reafirmou a necessidade de implementação de medidas mais restritivas de circulação e fez uma previsão pessimista para o próximo mês.

“Março pode ser o pior momento desde início da pandemia e, eu ouso dizer, da história do Brasil, porque nunca tivemos um evento capaz de matar tantos brasileiros em tão pouco tempo como o que nós estamos passando”, disse.

Por meio de seu perfil do Twitter, ontem (28), ele chegou a cobrar o governador de São Paulo João Doria (PSDB), para que fossem adotadas iniciativas mais rígidas em relação à pandemia no estado.

“Não basta saber pronunciar a palavra ‘lockdown’, governador Doria: é preciso também escrever a palavra num decreto e fechar São Paulo – o estado mais rico do Brasil – antes que ele entre em total colapso sanitário. E isso vale para todo Brasil também. Março pode ser o pior mês da nossa história!”, alertou Nicolelis.

 

Benildes Rodrigues com informações da RBA

 

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